sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Morre em Minas Novas, aos 88 anos, a artesã Ana do Baú

Apesar do belo trabalho e da disponibilidade em ensinar, a artista não deixou seguidores de seu estilo de fazer artesanato.


Foto: arquivoMorre em Minas Novas, aos 88 anos,  a artesã Ana do Baú
As peças de Ana do Baú podem ser vistas no Memorial da América Latina, em São Paulo, em acervo reunido pelos franceses Jacques e Maurren Bisilliat.
Publicado por Bernardo Vieira, no Blog do Jequi, de Minas Novas.
 
Morreu na madrugada desta quarta-feira (28/01), em Minas Novas, no Vale do Jequitinhonha,  a artesã Ana Fernandes de Souza, a popular Ana do Baú, aos 88 anos de idade. Ela foi sepultada no cemitério da cidade.
 
Ana do Baú,  era  uma das mais exímias e experientes artesãs do Vale do Jequitinhonha, que já produziu peças de grande inspiração artística, demonstrando uma técnica impressionante tanto pela leveza do material utilizado como pela expressividade plástica de suas composições.
 
 A artesã era  natural de Campo Alegre, distrito de Turmalina. O apelido vem da época que residiu na Fazenda do Baú, proximidades de Minas Novas.
 
Famosa artesã da região, destacou-se pelas peculiares bonecas com rolinhos no cabelo e sorriso estridente, sapatos de salto alto e detalhes como bolsinhas na mão.
 
Chama atenção o cuidado com que realizava suas peças. "Mesmo nos meus bules menores se podia beber água; eu escavava direitinho, para que ficasse bem feito, trabalho de muita paciência. Isso ninguém fazia",  dizia ela.
 
Dona Ana parou de trabalhar com cerâmicas há cerca de 20 anos, logo após a morte da irmã adotiva e companheira de vida Natália: "Estava acostumada a trabalhar em parceria com a Natália e trabalhar sozinha ficou pesado".
 
 Ana e Natália também criavam em cerâmica, árvores cheias de pássaros coloridos, que não eram queimadas. Hoje estas peças são disputadas por colecionadores do artesanato do Vale do Jequitinhonha.
  
Apesar do belo trabalho e da disponibilidade em ensinar, a artista não deixou seguidores de seu estilo de fazer artesanato. Pois segundo ela, faltou interesse no aprendizado: "Ensinar o trabalho eu ensinava, mas a maioria das pessoas não queria aprender, não tinham paciência".

Em sua casa, Dona Ana não conserva nenhuma de suas obras. As últimas peças que possuía - recordações de família ou objetos funcionais - foram solicitadas por estudiosos, turistas ou curiosos que visitaram sua casa.

As peças de Ana do Baú podem ser vistas no Memorial da América Latina, em São Paulo, em acervo reunido pelos franceses Jacques e Maurren Bisilliat.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário