Mesmo sabendo que o Sistema Paraopeba, que abastece a Região Metropolitana de Belo Horizonte, estava em queda contínua desde o início de 2014 e operava abaixo de 50%, a gestão tucana em Minas Gerais não adotou qualquer medida de contingenciamento ou emergência para evitar que a situação se tornasse crítica.
Em reportagem publicada no início de agosto, em plena campanha eleitoral, pelo jornal Estado de Minas, o então presidente da companhia, Ricardo Simões, tranquilizava a população e dizia que os níveis dos reservatórios estavam dentro da normalidade.
Minas 247, 22 DE JANEIRO DE 2015 ÀS 17:07.
Minas 247 - Segundo fontes da Copasa, mesmo sabendo que o Sistema Paraopeba, que abastece de água a Região Metropolitana de Belo Horizonte, estava em queda contínua desde o início do ano e operava abaixo de 50%, a gestão tucana em Minas Gerais não adotou qualquer medida de contingenciamento ou emergência para evitar que a situação se tornasse crítica.
Em reportagem publicada no início de agosto, em plena campanha eleitoral, pelo jornal Estado de Minas, o então presidente da companhia, Ricardo Simões, tranquilizava a população e dizia que os níveis dos reservatórios estavam dentro da normalidade.
Segundo o jornal, ele afirmou na ocasião que não haveria problema de racionamento na região "mesmo com estiagem severa" a partir de outubro. Em 21 de outubro, Simões voltou a negar a possibilidade, em entrevista coletiva. "Não temos risco de desabastecimento. Estamos com abastecimento da região metropolitana sob controle total, o abastecimento se dando de forma normal", defendeu.
Ainda no ano passado, técnicos da empresa já davam como real o risco de "colapso do sistema" a partir de julho deste ano se nenhuma medida fosse tomada e o regime de chuvas permanecesse o mesmo. A situação já seria crítica pelo menos desde agosto de 2014.
Quando Simões deu a primeira declaração, em agosto, o nível do Sistema Paraopeba estava em 50,51%. Na segunda declaração, já havia baixado para 39,7%. Em dezembro, o nível já havia caído para menos de 33,46%.
Embora negasse a dimensão da crise e o risco de desabastecimento, a gestão anterior, segundo técnicos da empresa, já operava com as chamadas "manobras de rede", o famoso rodízio, em que se alternam os dias de fornecimento de água para as cidades e bairros a fim de garantir o abastecimento.
As "manobras de rede", no entanto, não seriam publicamente admitidas. A dúvida já havia sido levantada em reportagem do jornal O Tempo, publicada em outubro, em que leitores reclamavam da falta de água: "Para minha surpresa, [ao ligar para a Copasa] a atendente disse que os reservatórios estavam vazios e, por isso, a empresa optou por fazer um rodízio na distribuição entre várias regiões".
Ao comentar o assunto, em entrevista coletiva concedida em outubro, o antigo presidente da empresa atribuiu a questão a "situações pontuais" na rede. "Nós temos ai quilômetros de rede, que trabalham pressurizadas 24 horas por dia, portanto, estão sujeitos a rompimento", disse
Depois de São Paulo, é a vez de Minas Gerais encarar de frente a crise de abastecimento de água. Nesta quinta-feira, a executiva Sinara Meirelles, nova presidente da Copasa, empresa de abastecimento mineira, fez um apelo.
Um corte de 30% no consumo de residências e empresas. “Precisamos ter um pacto para viver este período. Se todo mundo continuar gastando o que estamos gastando, em quatro meses já não teremos mais nada”, afirmou.
Um dos reservatórios que abastecem a Região Metropolitana de Belo Horizonte, o Serra Azul, opera hoje com apenas 5,73% da sua capacidade.
Novo governo, de Fernando Pimentel, acusa a gestão anterior de negligenciar o problema e estuda implantar medidas como rodízio e multa para o consumo excessivo.
22 DE JANEIRO DE 2015 ÀS 22:29
Minas 247 - Depois de São Paulo, é a vez de Minas Gerais enfrentar os efeitos da crise hídrica que assola o Sudeste. Nesta quinta-feira, a recém-empossada presidente da Copasa, Sinara Meireles, convocou em coletiva de imprensa a população, as empresas e o próprio governo de Minas Gerais a reduzirem em 30% o consumo de água. “Precisamos ter um pacto para viver este período. Se todo mundo continuar gastando o que estamos gastando, em quatro meses já não teremos mais nada”, alertou.
Ao contrário do que vinha acontecendo nas administrações anteriores, a Companhia de Saneamento de Minas Gerais decidiu revelar a situação crítica dos mananciais. Considerado a caixa d'água do Brasil, por possuir 8,3% de rios e lagos naturais e artificiais e 17 bacias hidrográficas federais, o estado convive com a dura possibilidade de escassez de água.
Em 2014, último ano da gestão de Antonio Anastasia, do PSDB, a cada 10 litros de água potável entregue à população da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), quatro se perderam no caminho entre os reservatórios da companhia e os hidrômetros de residências e empresas.
Em função de vazamentos dos canos e de ligações clandestinas, 40% da água tratada foi desperdiçada diariamente. Entre 2011 e 2014, o percentual de perdas subiu de 26,9% para 39,9%, segundo a Copasa. O índice, que é acima da média nacional de 37,57% e da região sudeste de 35,19%, lança dúvidas sobre o chamado choque de gestão tucano.
Atualmente, o Sistema Paraopeba, que abastece juntamente com a bacia do Rio das Velhas a RMBH, está operando com apenas 30,25% de sua capacidade. Em janeiro de 2013, o volume era de 84%. Composto pelos reservatórios Rio Manso, Serra Azul e Vargem das Flores, o Paraopeba agoniza. O caso mais grave é o do reservatório Serra Azul, localizado em Juatuba, que está com apenas 5,73% de sua capacidade, praticamente operando em seu volume morto. Vargem das Flores, em Contagem, e Rio Manso, em Brumadinho, estão apenas com 28,31% e 45,06%, respectivamente, de suas totalidades.
Rodízio e multa
Segundo a presidente da Copasa, há dois anos, o nível dos reservatórios na Região Metropolitana vem caindo. E mesmo com a estiagem prolongada, o governo anterior optou por sacrificar os reservatórios e manter a distribuição de água para a população em níveis estáveis nos últimos anos. "Os fartos dados monitorados pela Copasa ao longo dos últimos dois anos mostram os riscos envolvidos na garantia do abastecimento de água para a população, situação oposta às informações divulgadas pelo governo anterior, que davam conta que não haveria risco de desabastecimento na Grande BH”, afirma.
De acordo com especialistas, a companhia deveria ter alertado, em 2014, os mineiros sobre a situação crítica do sistema de abastecimento de água dos mais de 600 municípios atendidos por ela. Mas o anúncio foi adiado em função do calendário eleitoral, uma vez que Minas Gerais era a principal vitrine do senador Aécio Neves. Por causa deste atraso, a presidente Sinara Meireles revelou a possibilidade de implantação de rodízio e multa. Mas também disse que essas medidas serão executadas em último caso. "A população de Minas será sensível e aberta com o que estamos colocando. Não estamos preocupados em multar, queremos economizar 30%", finalizou
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