sexta-feira, 10 de abril de 2020

Dirigentes do PT envelheceram: Não aprovam o"Fora Bolsonaro"

Dirigentes petistas dizem não ao "fora, Bolsonaro" e terceirizam para o Centrão a maior tarefa histórica do PT.

A historiadora e militante petista Patrícia Valim escreve sobre a decisão da direção do PT de não aderir ao "fora, Bolsonaro"
Publicado no brasil247.com, em 10.04.2020
Patrícia Valim*

Os dirigentes do PT envelheceram, é o que anuncia o Secretário de Comunicação do PT e pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, Jilmar Tatto, na Folha de São Paulo, nessa manhã de sexta-feira santa, ao afirmar que "o PT definiu que não é o momento de aderir ao Fora, Bolsonaro", pois "o foco do partido continua na pandemia do coronavírus, com defesa do isolamento e cobranças para o governo federal aja na proteção dos mais vulneráveis". 

Os dirigentes do PT envelheceram justamente no momento em que o Partido comemora apenas 40 anos de história, pois demonstram publicamente que não entenderam a extensão mortífera para os trabalhadores do mundo inteiro, precarizados ou não, da maior crise mundial depois de a "grande guerra do século XX", que é a pandemia do coronavírus. E se entenderam, o que é pior: serão coniventes com ela no Brasil.

Os dirigentes do PT envelheceram no mesmo dia em que as Frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular passaram a pedir a saída do presidente Jair Messias Bolsonaro, pois entenderam que não há como enfrentar o coronavírus sem derrotar Bolsonaro. Isto é: movimentos sociais, sindicatos e entendidas não concordam e desautorizam os dirigentes do partido dos trabalhadores, maior partido de esquerda da América Latina, porque seus dirigentes vêem contradição onde não há.

Os dirigentes do PT envelheceram ao afirmarem que o Partido "tem o sentimento de apoiar manifestações do campo popular, se solidariza, entende por que as pessoas fazem panelaços", mas, porém, contudo, entretanto e não obstante deslegitimam a força desse movimento crescente, espontâneo e sua natureza desruptiva ao afirmarem que "o povo não está na rua, porque não pode. O Congresso  não está se reunindo" - apesar de esse mesmo Congresso ter aprovado a renda universal para os mais vulneráveis da população brasileira. 

Os dirigentes do PT envelheceram ao não reconhecerem o papel político das redes sociais no mundo inteiro e afirmarem que não há condicionantes para um impeachment neste momento: "um crime de responsabilidade caracterizado por juristas, vontade e mobilização popular ...", fingindo desconhecer por cansaço político uma denúncia contra Bolsonaro no Tribunal Penal Internacional,  em Haia (Holanda) por crimes de lesa-humanidade, sobretudo por pedir que a população brasileira morra ao sair do isolamento social e voltar ao trabalho. 

Os dirigentes do PT envelheceram ao anunciarem publicamente que estão renunciando do exercício da política e não irão construir a maioria do Congresso Nacional em um momento em que 17% dos eleitores de Jair Messias Bolsonaro estão arrependidos do voto em razão de milhares de pessoas que irão morrer por falta de políticas públicas para conter a pandemia do coronavírus -  populicídio  nos termos do editorial do Libération para designar o Estado genocida e suicida de Jair Messias Bolsonaro e que esses dirigentes do PT serão cúmplices históricos a partir de hoje. 

Os dirigentes do PT envelheceram ao afirmarem que irão cobrar que o governo implemente as propostas do Congresso, desconsiderando que Bolsonaro tem combatido publicamente o ministro da saúde do próprio governo em razão de seu negacionismo ortodoxo que coloca milhares de pessoas em risco de morte. Para tentar evitar essa tragédia sem paralelo, Bolsonaro precisou ser contido pela instauração de uma "presidência operacional" que, ao fim e ao cabo, é a tutela militar comandada pelo Gal. Braga Netto - que os dirigentes petistas usaram como desculpa para aderirem ao impeachment e que agora silenciam.

Os dirigentes do PT envelheceram, estão cansados e em descompasso histórico com a conjuntura e com o próprio Presidente de Honra do PT que, em 1 de abril do corrente, afirmou para o mesmo jornal: "Ou esse cidadão (Jair Messias Bolsonaro) renúncia ou se faz o impeachment dele com base nos crimes de responsabilidade que ele já cometeu". Lula sabe como poucos que a decisão de não aderir ao "Fora, Bolsonaro" é a terceirização do exercício político de oposição para o chamado centrão - como tem ocorrido na chamada "revolta dos governadores", incluindo o governo do estado da Bahia que tem protagonizado esse movimento. 

Os dirigentes do PT envelheceram, estão cansados e fazendo quarentena política enquanto a maioria da militância do PT tem construído a maioria para aprovar a Renda Universal durante o isolamento social e o impeachment do presidente genocida na presidência. Porque a soberania popular, ainda que à revelia dos dirigentes cansados do partido, é a única vacina para combatermos o vírus e o verme. Que tenhamos a força necessária para a maior luta de nossas vidas. 
#ForaBolsonaro

Imagem de perfil do ColunistaPatrícia Valim

Professora de História do Brasil Colonial da Universidade Federal da Bahia. Pedagogia e graduação em História(2003) pelo Centro Universitário Fundação Santo André. É Mestre em História Social (2007) e Doutora em História Econômica( 2013) pela USP. Conselheira do Centro de Pesquisa e Documentação da Fundação Perseu Abramo. 

Nota das Frentes Brasil Popular e 
Povo Sem Medo

A Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo apontam que, diante do 
aprofundamento  da crise nacional com a disseminação da pandemia do 
coronavírus, passam a empunhar a bandeira do “Fora Bolsonaro”.
O comportamento irresponsável de Jair Bolsonaro e a incapacidade do governo 
federal de liderar a sociedade para enfrentar essa guerra em defesa da vida 
do povo refletem no crescimento vertiginoso do número de contaminados e de 
mortos em todo o país.
Na contramão das orientações da Organização Mundial de Saúde-OMS, dos 
esforços da maioria dos governadores e até mesmo do discurso do ministro 
da Saúde, Bolsonaro combate o isolamento social, atrasa o pagamento do 
auxílio emergencial e a implementação de medidas para garantir 
renda aos trabalhadores, colocando em risco milhares de brasileiros e 
brasileiras.
Derrotar Bolsonaro é fundamental para enfrentar o coronavírus, salvar a 
vida dos brasileiros e pavimentar o caminho para superar as crises econômica, 
política e social que se aprofundam a cada dia com a insistência do governo 
de preservar o modelo ultra-neoliberal, mesmo com a necessidade da 
ampliação dos investimentos públicos.
Diante dessa situação extrema, as forças democráticas, populares e nacionais 
que fazem parte das frentes apontam o “Fora Bolsonaro” como um grito de 
indignação, em consonância com os protestos nas janelas que se espalham por
 todo o país.
As frentes estão mobilizadas, acompanham com atenção a conjuntura e reforçam
na prática o princípio da solidariedade aos mais vulneráveis, com o lançamento da 
Campanha de Ações de Solidariedade ao Povo Brasileiro “Vamos precisar de todo 
mundo”.
Além disso, anunciam o lançamento de abaixo-assinado virtual para a taxação 
imediata dos milionários para garantir recursos para a construção de leitos, 
compra de respiradores e insumos médicos para o tratamento dos infectados 
por coronavírus no Sistema Único de Saúde, assim como apresentou uma 
plataforma de emergência com propostas para enfrentar a pandemia do 
coronavírus e crise brasileira.
Em defesa das vidas, da democracia e do Brasil!
Em defesa dos empregos e de renda para o povo brasileira!
Em defesa da saúde pública e do SUS!
FORA BOLSONARO!

2 comentários:

Marcelo Ramos disse...

O PT não tem que resolver problema dos outros, todos irresponsáveis não achou que não precisava do PT? Ingratos tiveram ascenção a tudo no governo Lula e Dilma, tiveram empregos escolas funcionando bem o Brasil crescia pulando do vigésimo quarto para sexta posição no ranking dos países e desenvolvimento, e agora já está ladeira abaixo no décimo primeiro gastando toda reserva que o Lula e a Dilma fez. Fez tudo e guardou uma reserva em dólar que o Brasil nunca tiveram. Mas o Lula e os mais velhos do PT tem mais é que ir descansar e deixar para quem plantou o espinheiro que colha sua Safra tal vez se não tiverem cérebro de galinha ou cabeça de camarão aprenda.

Marcelo Ramos disse...

Em jenipapo pelo que me informa sabemos da pobreza que é aí e o povo foi atráz do Bolsonaro atrás de conseguir uma arma, agora pega suas armas e come as balas pólvora, porque isso deve encher barriga curar doenças, construir hospital e escola. Enquanto cultivar essa ignorância vai continuar pagando o preço.

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