terça-feira, 26 de maio de 2009

Poesias do Vale

Gonzaga Medeiros
Fronteira dos Vales

Todos nós em sol maior
Nós somos o Vale,
nós valemos
mais pelo que somos,
menos pelo que temos.

Valendo assim e assim sendo
sempre valeremos.

Em nós o TER perdeu o verbo,
o SER tem mais valor,
é mais verbal,
é o valor que temos
e valendo assim e assim sendo
sempre valeremos.

Doravante, como antes
não mais esperaremos.
O gigante, triunfante,
nós acordaremos.

Conjugando o verbo,
declamando o mesmo verso,
na mesma fila de igreja
para uma só comunhão,
todos nós em sol maior, todos nós,
braços dados no levante,
levantaremos
o estandarte dessa luta-mutirão.
-------------------------------------------------------------------------------------------------

Wesley Pioest
Rubim

Humano fim
Que destino andará meu rumo
Que saudade cantará meu canto
Que sorriso marcarão meus lábios
Que tristeza conterá meu pranto

Que verdade moldará meu rosto
Mas que rima trairá meu verso
Que veneno entornará meu corpo
Que palavra negará meu gesto

Que vestígio deixará meu barco
Que pesares turvarão meus olhos
Que mentira abrigará meu porto

Que momentos cumprirei eu vivo
Que atalhos terei eu andado
Que mistérios restarei eu morto

-------------------------------------------------------------------------------------------------

Cláudio Bento
Jequitinhonha

Coração de barro
A terra revolvida
logo se transforma
e já o barro moreno
do chão toma corpo
e poesia.

Nas mãos de Lira
o barro é sabedoria.

As mãos de Lira envolvem
esganam a terra
e um coração feito barro
feito amor pulsa e clareia
a canção do povo do Vale.
-------------------------------------------------------------------------------------------------

Banu
Berilo

Entrega parcial
No supermercado do trabalho
vendo barato meu sangue, suor,

músculos, cabeça e mão.
Mas o meu tino de humano
nega a entrega prostituta:
não rendo meu coração.

E esperneio nos pesadelos banais
que fazem rir os normais.
Entro no cio,
manifesto, solto a rebeldia.
E crio,
crendo na fonte da contradição.
E como formiga vou cortando a raiz
deste mundo de cifrão.

Cresço o meu valor
nos olhos e passos d@s companheir@s,
na construção do caminho,
dia-a-dia, permanente.
Até que um dia...
A coroa desta moeda só vai dar cara,
rosto de gente.

Um comentário:

Herena disse...

Maravilhosos. É importante lembrar de representar as mulheres também.

Postar um comentário