Início das obras está previsto para este mês de julho.
Foto: divulgação
Reunião com empreendedores no gabinete do prefeito de Grão Mogol Hamilton Gonçalves
A construção de uma usina termelétrica entre os municípios de Grão Mogol e Berilo, no Vale do Jequitinhonha, deverá gerar 300 empregos diretos em sua primeira fase, prevista para ser iniciada ainda este mês.
A informação foi confirmada durante reunião com o prefeito de Grão Mogol, Hamilton Gonçalves e representantes da Companhia Positiva de Energia, com sede no Rio de Janeiro, responsável pelo empreendimento, orçado em R$ 267 milhões. Uma audiência pública foi realizada naquele município, no ano passado, para discutir a construção da usina com a comunidade atingida.
A obra vai gerar empregos, mas também causar impactos socioambientais. Para a instalação da usina, serão necessárias intervenções ambientais em Área de Preservação Permanente e vegetação nativa na região requerida para o projeto.
A usina será implantada em uma área de 20 alqueires, na região conhecida como Fazenda Ribeirão das Piabanhas, no município de Grão Mogol.
A área fica próxima ao lago da Usina Hidrelétrica de Irapé, em uma região de cerrado e caracterizada pela atividade de silvicultura.
A região é constituída por áreas plantadas de eucalipto de propriedade da Norflor Empreendimentos Agrícolas Ltda e a Diflor Empreendimentos Agrícolas que possuem florestas plantadas de eucaliptos próximas ao local onde se pretende instalar a usina. As duas empresas serão fornecedoras da matéria prima.
Todos os acessos para esta área já estão abertos para a implantação da Linha de Transmissão de Energia e tubulações para captação e descarte de água no lago de Irapé
Para a implantação da Linha de Transmissão, será construído um canteiro de obras para 60 funcionários, próximo ao distrito de Lelivéldia.
Já o canteiro de obras para implantação da usina ficará dentro do empreendimento, no município de Grão Mogol, em um terreno de 28 mil metros quadrados para assentamento das construções temporárias.
As duas unidades termelétricas terão capacidade de geração de 100 megawatts a partir da queima direta do eucalipto.
Estima-se que será necessário um volume de 580 metros cúbicos por ano de biomassa para cada unidade. A área necessária para plantio de eucalipto que atenda a demanda da usina é de 30 mil hectares.
Água de Irapé
Toda demanda de água necessária ao funcionamento da Usina Termelétrica I e II, tais como refrigeração dos condensadores, sistema de lubrificação, sistema de refrigeração de equipamentos e pontos de água de serviço, sairá do lago da Barragem de Irapé, construída no Rio Jequitinhonha, entre os municípios de Berilo e Grão Mogol.
A captação de água será feita através de uma linha de adução, com aproximadamente 1.860 metros de comprimento para um consumo médio de 7.680 metros cúbicos de água por dia.
O órgão responsável pela outorga para captação de água da barragem foi a Agência Nacional das Águas – ANA, que forneceu a autorização, em outubro de 2015.
A maior perda de água será por evaporação na torre de resfriamento, a qual será construída com um sistema de cinco bombas de circulação com capacidade de 3.800 metros cúbicos por hora.
O sistema de captação de água será constituído por uma plataforma flutuante (balsa) para instalação de três bombas, de forma que duas bombas operarão em paralelo e uma será reserva. A água captada será conduzida por tubulação de polietileno.
A adutora terá um trajeto aproximado de 1.860 metros
Áreas atingidas
Por estar mais próximo do local onde se pretende implantar o empreendimento, o distrito de Lelivéldia, pertencente a Berilo, com cerca de 3 mil habitantes, será o local que receberá parte significativa dos funcionários.
Do ponto de vista socioeconômico, o empreendimento vai impactar comunidades e propriedades localizadas nos municípios de Grão Mogol, Cristália, Botumirim, Padre Carvalho, Josenópolis e Berilo, devido à sua localização e ao fato de existir a possibilidade de utilizar como insumo, o uso do eucalipto plantado nestes municípios.
O empreendimento tem previsão de 30 anos de vida útil. Caso seja desativado, será realizada devida destinação dos equipamentos.
A mão de obra necessária, durante a construção da usina, será no máximo de 300 trabalhadores no período de pico para a fase 1 e igualmente para a fase 2. Para a operação e manutenção, após a conclusão da obra estão previstos cerca de 30 funcionários efetivos.
Os estudos e licenciamentos ambientais para construção da usina, foram iniciados em agosto de 2015.
Espécies
A Usina será instalada em um platô, ou chapadão, onde se encontra também a área de plantio do eucalipto
As faixas de vegetação nativa que serão afetadas ou retiradas incluem o trajeto por onde devem passar a adutora para condução da água e a linha de transmissão. Os levantamentos realizados, resultaram na listagem de 150 espécies distribuídas em 48 famílias botânicas que incluem pequizeiros, jacarandás, sucupiras, tinquis, lobeiras, ipês, entre outros.
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Para o prefeito de Grão Mogol, Hamilton Gonçalves, a central termoelétrica trará um impacto econômico-social muito positivo para o município. “Além da geração de emprego e renda há também o lado ecológico, pois a usina produzirá energia por meio de uma fonte renovável. E poderá servir também de atrativo para outros empreendedores similares”, ressalta.
Poluentes
A instalação do empreendimento será uma fonte de emissão de gases poluentes atmosféricos.
A empresa responsável pela obra, garante que serão utilizados filtros e equipamentos que reduzem a emissão de contaminantes na atmosfera, atendendo às normas e diretrizes nacionais e internacionais. Está previsto o Programa de Monitoramento da Qualidade do Ar, onde todos estes parâmetros serão avaliados periodicamente.
No Relatório de Impacto Ambiental está previsto que sempre que identificadas alterações na qualidade do ar o empreendimento deverá adotar ações para identificar as causas do problema e a correção de cada uma delas.
Acidentes
No que se refere ao impacto de “aumento de risco de acidentes”, com o transporte de eucalipto pela rodovia que corta o distrito de Lelivélida , a equipe técnica da SUPRAM verificou, que haverá um tráfego de pelo menos 202 caminhões por dia para atender a demanda do empreendimento.
Este fato acarretará em vários impactos socioambientais como: incômodo aos moradores locais, funcionários e demais pessoas que passam pela via; alteração da qualidade do ar e, principalmente, insegurança no trânsito da rodovia, uma vez que dificulta a visibilidade.
Ano passado houve um acidente fatal com um morador do distrito de Lelivéldia, envolvendo carretas que transportavam eucalipto. Ele seguia de moto pela rodovia quando foi atingido por uma carreta e não resistiu aos ferimentos. O acidente causou grande revolta da população do Distrito.
A Companhia de Energia Positiva, informou que todas as medidas para diminuir os impactos estão constantes no Programa de Saúde, Segurança e Alerta, o qual sofreu algumas adequações a fim de atender a solicitação da SUPRAM-Superintendência Regional de Meio Ambiente .
De acordo com o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), que autorizou a Licença Prévia para construção da usina, o empreendimento causará significativos impactos negativos de baixa, média e alta magnitude.
Os dois municípios atingidos, Berilo e Grão Mogol, receberão royalties ( compensações financeiras ) pelo empreendimento.
Sérgio Vasconcelos
Repórter
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