segunda-feira, 30 de maio de 2016

Ex -deputado federal votado em Pedra Azul e Diamantina é preso por corrupção pela Polícia Federal

O tucano Nárcio Rodrigues está envolvido em desvio de R$ 2 bilhões.
Ex-Secretário de Ciência e Tecnologia do governo Anastasia comandou projetos da HidroEx, no Triângulo Mineiro, e parte das obras da Cidade Administrativa, em BH. 
Construtora CWP, de parentes de Anastasia, foi beneficiada com R$ 8,6 milhões nas obras da Hidroex.

Ex-deputado federal e ex- Secretário de Ciência e Tecnologia é acusado de desvios de 2 bilhões na gestão de Anastasia.

A Polícia Militar e o Ministério Público realizaram em Belo Horizonte, na manhã desta segunda-feira, 30.05, uma operação conjunta em parceria com a Polícia Federal. A Polícia Militar informou que seis pessoas foram presas, entre elas o ex-deputado e ex-secretário de Ciência e Tecnologia, Nárcio Rodrigues (PSDB). O filho dele, deputado Caio Nárcio (PSDB), está na sede do Ministério Público estadual, onde Nárcio se encontra preso, aguardando transferência. O parlamentar disse que está apenas acompanhando o caso.

Narcio Rodrigues é ex-deputado federal, ex-presidente do PSDB de Minas, de 2004 a 2007 e de 2009 a 2011, e ex-secretário de Ciência e Tecnologia no governo Anastasia, o relator do impeachment de Dilma no Senado.

Informações não oficiais apontam que a operação de hoje investiga desvio de recursos públicos que somam R$ 2 bilhões, na construção do projeto Hidroex, em Frutal, no Triângulo Mineiro, e outros projetos comandados pelo ex-deputado tucano. 
Há provas que Nárcio Rodrigues aproveitou-se de contratos de empresas na construção do projeto da Hidroex para captar recursos ilícitos para as campanhas de 2012 e 2014 do PSDB.
A investigação começou com a auditoria da Controladoria Geral do Estado de Minas Gerais. 
Nárcio está preso na sede do Ministério Público estadual, no Bairro Santo Agostinho, na Região Centro-Sul. Ele e os demais presos devem ser transferidos ainda hoje para o CERESP Penitenciária da Gameleira, em Belo Horizonte. Não há informações ainda sobre qual unidade da capital deve receber os presos da operação da manhã desta segunda-feira. 

Batizada de Aequalis, que quer dizer "igualdade", em latim, a operação envolve 16 mandados de busca e apreensão em endereços dos bairros Anchieta, Cruzeiro, Funcionários e Vila Paris. Foram cinco prisões em Belo Horizonte e uma de Frutal, no Triângulo Mineiro, porém presa em São Paulo.

A identidade do preso não foi revelada, assim como as identidades e os motivos das demais prisões. A operação cumpriu 16 mandados de busca e apreensão em Belo Horizonte e  Frutal, no Triângulo, cidade natal de Nárcio. 

Ministério Público Estadual

Na manhã desta segunda-feira, seis carros do Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas  (Rotam), um dos braços da Polícia Militar, trouxeram material apreendido na Operação Aequalis.  Conforme informações no local, trata-se de papéis, documentos celular e  um notebook.

Busca e apreensão na Cidade Administrativa
Durante a operação, um mandado de busca e apreensão foi cumprido na Secretaria de Ciência e Tecnologia de Minas Gerais, na cidade Administrativa. A assessoria de imprensa da Secretaria confirmou que o Mandado foi cumprindo no 10º andar, em um escritório da empresa Hidroex.
No entanto, ainda não há informações do que foi levado. A assessoria ficou de se manifestar assim que tiver um posicionamento do Ministério Público. 

Votação no Vale
Deputado federal Nárcio Rodrigues teve votação, em 2010, apenas em Diamantina, com 1.336 votos, obtendo 101.090 votos, no total.
Ele não se candidatou, em 2014, mas lançou seu filho, Caio Nárcio, que se elegeu deputado federal, com a mesma cotação do pai, 101.040 votos, apenas 50 a menos.
O filho deputado federal teve votação extraordinária, em Pedra Azul, com 3.946 votos. Em Diamantina, obteve 1.187 votos. Em Datas, 162; em Salinas, 161; Araçuaí, 79; Capelinha, 63 votos. 



Auditoria aponta irregularidades em obra de Mina Gerais no governo Anastasia.

A obra é um centro de pesquisa em recursos hídricos no Triângulo Mineiro.
Nesta sexta (29.04), assessoria do hoje senador negou irregularidades.

Flavia CristiniDo G1 MG
Cidade das Águas em Frutal (Foto: Ascom/Unesco-Hidroex)Projeto do centro de pesquisas em recursos hídricos em Frutal (Foto: Ascom/Unesco-Hidroex)
Uma auditoria da Controladoria-Geral de Minas Gerais aponta suposto dano aos cofres públicos devido a irregularidades na obra de um centro de pesquisa em recursos hídricos, em Frutal, no Triângulo Mineiro, durante o governo de Antonio Anastasia (PSDB), atual senador e relator da comissão especial do impeachment da presidente Dilma Rousseff. A assessoria de Anastasia nega irregularidades.
As irregularidades foram apontadas em reportagem do jornal Folha de S. Paulo, desta sexta-feira (29.04), que cita que a controladoria auditou amostra de R$ 37,7 milhões da obra, ou 16% dos R$ 230 milhões do total do projeto. A Controladoria-Geral de Minas, órgão do governo estadual que atua na prevenção e no combate à corrupção, confirmou a informação ao G1. Ainda segundo o órgão, dessa parte, os auditores verificaram suposto dano aos cofres públicos no valor de R$ 18 milhões, ou seja, 48% do que foi apurado.
A obra do centro de pesquisas, chamado Centro das Águas – Hidroex, incluiu recursos estaduais, federais e tem parceira da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
O senador Antônio Anastasia durante sessão no Senado Federal, em Brasília (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)Senador Antônio Anastasia durante sessão em
Brasília (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)
A auditoria da controladoria foi iniciada em fevereiro de 2015.  As irregularidades encontradas seriam superfaturamento, armazenagem e controle inadequado de equipamentos, não entrega de equipamentos, pagamento indevido a empresas por serviço não prestado ou prestado em desacordo e restrição à competitividade em licitação.
Segundo a reportagem da Folha, a empresa CWP (Construtora Waldemar Polizzi), que pertenceu a parentes de Anastasia, teria sido favorecida com desvios de R$ 8,6 milhões.
A auditoria da controladoria aponta que houve prejuízo de cerca de R$ 9,8 milhões aos cofres públicos. O relatório recomenda ao órgão gestor da obra a adoção de providências para reparação do dano.
Ao G1, o engenheiro Waldemar Anastasia Polizzi, primo do senador Anastasia, afirmou que a construtora CWP pertencia ao pai, falecido em 2007. Depois disso, ele e os irmãos assumiram a empresa até 2009, quando foi vendida.
O engenheiro diz que, em maio de 2010, foi contratado como responsável técnico pelos novos donos, mas não participou das decisões da empresa. “Nunca participei de nada a partir de 2009. Nem sei se assinei, porque nem lembro mais, para efeito de licitação. Nunca fui à obra [da Hidroex]”, afirmou.
A assessoria de imprensa do senador Antonio Anastasia (PSDB) informou em nota que ele “jamais teve participação na empresa Construtora Waldemar Polizzi ou em qualquer outra empresa” e que nunca ouviu falar de suspeitas de irregularidades nesse projeto. Ainda de acordo com a nota, ele não foi chamado pela controladoria para falar sobre o assunto e defende que as denúncias devem ser apuradas.Polizzi afirma que não conheceu detalhes da licitação do centro de pesquisa de recursos hídricos e negou que possa ter havido qualquer tipo de favorecimento pelo fato de ser parente do senador. Sobre o suposto desvio no valor de R$ 8,6 milhões, disse também não ter conhecimento.  Segundo o engenheiro, a obra foi contratada em meados de 2011, mas foi executada depois que ele deixou a empresa. A saída em novembro do mesmo seria por motivos pessoais, que não foram informados.
O Ministério Público de Minas Gerais instaurou inquérito civil para apurar as irregularidades nas obras. A investigação Grupo Especial de Promotores de Justiça de Defesa do Patrimônio Público.
O PSDB divulgou nota dizendo que "causa surpresa e estranhamento a divulgação de apurações parciais e inconclusas de pretensas irregularidades durante gestão do governador Antonio Anastasia, exatamente na semana em que o senador e ex-governador de Minas Gerais assumiu a relatoria dos trabalhos da Comissão Especial do Senado, responsável pela análise do pedido de impeachment da presidente da República". Ainda segundo o partido, os
documentos não são públicos, uma vez que os órgãos responsáveis pelo contrato e execução das obras ainda não se pronunciaram sobre o caso.
A empresa CWP foi procurada pelo G1 mas não se manifestou sobre o assunto.
Obras
A Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado de Minas Gerais (Sectes) disse que as do Complexo Cidade das Aguas, paralisadas desde setembro de 2014, foram retomadas no ano passado. O prédio da Hidroex está com 90,10% das obras concluídas. A Vila Olímpica está com 81,67% e a infraestrutura aparece com 47,81% do total previsto já entregue.
As demais obras foram retomadas em 2016 porque, segundo a Sectes, “no mencionado complexo, funcionam, também, a Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), a Fundação HIDROEX e a Universidade Aberta e Integrada de Minas Gerais (UAITEC).

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