E hoje eu me emocionei mais do que imaginava ser possível com a canonização de Irmã Dulce.
Amo as imagens de Irmã Dulce cercada de crianças negras sorrindo, nesses tempos de ódio aos pobres e no qual se naturaliza a execução de crianças e jovens nas periferias.
Amo as imagens de Irmã Dulce percorrendo as favelas, as palafitas dos Alagados, nesses tempos de negação da opção preferencial pelos pobres na Igreja.
Amo a imagem de Irmã Dulce tocando sanfona e amo saber que ela fazia isso para alegrar presidiários, nesses tempos em que cidadãos de bem fecham os olhos e o Ministro da Justiça trata como se fosse algo natural a tortura e os maus-tratos nos presídios.
Amo a imagem de Irmã Dulce com uma sacolinha pedindo alimento para os famintos, num momento em que o número de miseráveis aumenta exponencialmente no Brasil e no qual retornamos para o Mapa da Fome.
Amo saber que Irmã Dulce obrigou as instituições públicas a atender a saúde dos mais pobres, num momento de ameaças ao SUS e de avanço da privatização da saúde.
Amo saber que a Irmã Dulce acolheu o jovem Paulo Coelho, faminto e fugido do hospício, e com um bilhete para o motorista de ônibus, descolou uma passagem de Salvador para o Rio de Janeiro para o rapaz desconhecido e em apuros.
Nesses tempos de censura, amo saber que Irmã Dulce contrariou o então presidente do Círculo Operário e aceitou - para angariar fundos para suas obras sociais - os shows de rock de um ainda jovem e desconhecido Raul Seixas.
Amo ver que a primeira Santa brasileira é baiana, nordestina, era teimosa, bem-humorada e gostava de música e futebol.
Amo que o nome da primeira santa brasileira seja Dulce, doce, trazendo outro sabor a tempos tão amargos para os que lutam pela Vida e pela Justiça.
Salve Irmã Dulce e nos ajude a adoçar as lutas da jornada!
Texto de Adriano Martins
Quem foi Irmã Dulce – História e Biografia. Maria Rita, filha de Augusto Lopes Pontes e de Dulce Maria de Souza Brito, nasceu em 26 de maio de 1914, ...
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