sábado, 5 de outubro de 2019

Leitura de poema feminista gera pedido de cassação de Isa Penna, deputada estadual do PSOL

Extrema-direita se dá mal ao tentar 

promover linchamento de Isa Penna 

pelo Twitter

Postagem onde Isa mostra de maneira detalhada tanto a 
sua intervenção, ao ler o poema “Sou puta, sou mulher, 
quanto as  reações desmedidas dos deputados do PSL, 
foi curtida e compartilhada por milhares de internautas.
Foto: Alesp
A deputada estadual, Isa Penna (PsoL-SP), provocou violenta reação da
extrema-direita após ler o poema “Sou puta, sou mulher”, da poeta mineira
Helena Ferreira, no plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo 
(Alesp), na última quarta-feira (2).
A internet, no entanto, reagiu em defesa da deputada. Postagem feita 
nesta quinta, onde Isa mostra de maneira detalhada tanto a sua 
intervenção quanto as reações dos deputados, foi curtida e 
compartilhada por milhares de internautas. 
Veja abaixo:
“A leitura do poema “Sou puta, sou mulher”, que fiz ontem, 
na tribuna da ALESP, gerou dezenas de mensagens de ódio
 e um pedido de cassação, feito pelo delegado Douglas Garcia.
Mas não estamos sozinhas, recebemos inúmeras mensagens 
de apoio à nossa mandata!”
O caso foi parar entre os assuntos mais comentados do Twitter na 
manhã desta sexta-feira, com a hashtag #IsaPennaQuebrouDecoro.
“Sou puta. Quando uso a boca vermelha. Meu salto agulha. E meu 
vestido preto. Sou puta. Mordo no final do beijo. Não fico reprimindo 
desejo”. 
Os primeiros versos do poema indignaram os parlamentares, que não 
deixaram a oradora continuar.
Isa Penna foi interrompida por Valéria Bolsonaro (PSL), repreendida pelo 
presidente da Casa, Cauê Macris (PSDB), e ouviu, de quebra, Douglas Garcia (PSL) prometer pedir a cassação do seu mandato.
Conheça o poema que criou a polêmica.
Sou puta, sou mulher
Helena Ferreira*
Quando uso a boca vermelha
Meu salto agulha
E meu vestido preto.
Sou puta
Mordo no final do beijo
Não fico reprimindo desejo
E nem me escondo na aparência de menina.
Sou uma puta de primeira
Acordo às 6:30
Pego ônibus debaixo de chuva
Não dependo de salário de macho
E compro a pílula no final do mês.
Sou uma puta com P maiúsculo
Dispenso o compromisso
Opto pela independência
Não morro de amor
Acordo sozinha
Cresço sozinha
Vivo na minha
Bebo em um bar de esquina
Vomito no chão da cozinha.
Sou uma putinha
Passo a noite em seus braços
Mas não me prendo no laço
Que você quer me prender.
Sou puta
Você tem o meu corpo
Porque eu quis te dar
E quando essa noite acabar
Eu não vou te pertencer
E se de mim você falar
Eu não vou me importar
Porque um homem que não me faz gozar
Nunca terá meu endereço.
E não é gozo de buceta
É gozo de alma
É gozo de vida
É me fazer sentir amada
Valorizada
E merecida
E se de puta você me chamar
Eu vou agradecer.
Porque a puta aqui foi criada
Por uma puta brasileira
Que ralava pra sustentar os filhos
E sofria de racismo na feira
Foi espancada e desmerecida
E mesmo sofrida
Sorria o dia inteiro
Uma puta mulher ela foi
E puta também eu quero ser.
Porque ser mulher independente
Resolvida
Segura
Divertida
Colorida
E verdadeira
Assusta os homens
E os machos
Faz acontecer um alvoroço.
Onde já se viu mulher com voz?
Tem que ser prendada e educada
E se por acaso for “amada”
Tem direito de ser morta pelo parceiro
Cachorra adestrada pelo povo brasileiro
Sai pelada na revista
Excita
Dança
Bate uma
Cai de boca
Mama ele e os amigos
E depois vai ser encontrada num bueiro
Num beco
Estuprada
Porque tava de batom vermelho
Tava pedindo
Foi merecido
E se foi crime “passional”
Pobre do rapaz
Apaixonado estragou a própria vida.
Por isso que eu sou puta
Porque sou forte
Sou guerreira
Não sou reprimida
Nem calada
Sou feminista
Sou revoltada
Indignada
E sou rotulada assim
Como PUTA!
Então que eu seja puta
E não menos do que isso.
Fonte: Revista Fórum

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