Em Araçuaí, dona de casa mantém a tradição de montar presépios, há 40 anos

É no quintal da casa modesta onde ela mora, na rua Salinas, região do centro histórico de Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, que Maria de Fátima ergue todos os anos, sua pequena obra de arte religiosa.

Foto: Gazeta de Araçuai

Tudo é feito de forma artesanal, com uso de carvão, jornais e malacacheta

  

Nem mesmo a enchente  que alagou a  casa  da auxiliar de serviços gerais,  Maria de Fátima Alexandrino Pinheiro,49 anos, removeu a  fé e  a devoção que ela tem de todos os anos montar um presépio em homenagem ao Menino Jesus.

É no quintal da casa modesta onde ela mora,  na rua Salinas, região do centro histórico de Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha,  que Maria de Fátima ergue todos os anos,  sua pequena obra de arte religiosa.

  

‘ Antes do Natal, fiquei quatro dias desalojada da minha casa, porque a água chegou até aqui. Mas voltei logo que pude para fazer meu presépio. É uma tradição que eu mantenho desde os 9 anos”, conta Maria.

  

Com a ajuda dos filhos, ela varou a madrugada preparando o material para fazer a gruta.

Com o pó de carvão, socado em um pilão de madeira , ela fez um caldo com polvilho que serviu de cola,  misturado com malacacheta, um mineral encontrado em abundância na região.

  

 Com o resultado, ela pintou jornais e pedaços de TNT para fazer a cobertura. “ Quando é noite, fica parecendo um céu estrelado”, diz Maria.

  

No cenário feito para celebrar o nascimento de Jesus há 45 peças representando Maria e José, anjos tocheiros, representando a vigília, pastores, reis magos e animais – burro, vaca e ovelhas, além do Menino Jesus e Nossa Senhora Aparecida.

   

O presépio montado por ela prima pela delicadeza, originalidade e simplicidade. “ Tudo foi feito em dois dias”, conta Maria de Fátima. “ Faço com muito amor e fé, para me dar saúde, paz e harmonia para todos”.

 O presépio atrai a atenção de muitos católicos da cidade. “ O padre não queria que eu desmontasse, mas vou desmanchar agora no final do mês”, diz ela.

  

TRADIÇÃO

A palavra “presépio” significa estábulo, manjedoura. São Francisco de Assis iniciou a tradição em 1223, nas redondezas de Greccio, Itália, com o objetivo de celebrar o Natal da maneira mais realista possível.

Com autorização do papa, ele montou um presépio de palha usando uma imagem do menino Jesus, um boi e um jumento vivos perto dela.

A ideia rapidamente se estendeu por toda a Itália, especialmente nas casas dos nobres e mais pobres. Na capital e no interior de Minas, a tradição de fazer presépios continua cada vez mais viva.

As famílias se unem para retirar as figuras das caixas, desdobrar os panos enfeitados com esmeril e caquinhos de vidro, que formam as montanhas, buscar areia e pedras para montar a estrutura e, claro, contar histórias e lembrar dos antepassados.

Fonte: Gazeta de Araçuaí