A democracia além do simples ato de votar
Por Alexandre Macedo
Ao iniciar este texto,
coincidentemente, ouço a canção “Blues do elevador” do artista maranhense Zeca
Baleiro numa rádio FM, que diz assim: “Vejo os pombos no asfalto/
eles sabem voar alto/ mas insistem em catar as migalhas do chão”. Paro um pouco e
reflito sobre a clara e evidente comparação possível de ser realizada entre o pombo e o
cidadão.
eles sabem voar alto/ mas insistem em catar as migalhas do chão”. Paro um pouco e
reflito sobre a clara e evidente comparação possível de ser realizada entre o pombo e o
cidadão.
Na
letra dessa canção, o músico denota que os pombos, embora sejam pássaros com
alto potencial de voo e podendo chegar a grandes alturas, ficam na maioria do tempo,
catando migalhas e restos jogados no chão. Se refletirmos bem, o mesmo acontece
com nós cidadãos e cidadãs. Vamos às provas.
alto potencial de voo e podendo chegar a grandes alturas, ficam na maioria do tempo,
catando migalhas e restos jogados no chão. Se refletirmos bem, o mesmo acontece
com nós cidadãos e cidadãs. Vamos às provas.
Na Constituição Federal do Brasil, promulgada no ano de 1988, o
parágrafo único
estabelece que “todo poder emana do povo”. Mas, nós brasileiros, ainda não
entendemos claramente o significado disso. O poder, na prática, não emana do povo
e sim dos nossos representantes políticos, justo eles que deveriam se curvar perante
as exigências da população. Na realidade, vivemos uma espécie de inversão em nossa
lógica democrática. O povo que deveria possuir o poder se vê refém dos
representantes políticos, quando, na verdade, deveria ocorrer o inverso.
estabelece que “todo poder emana do povo”. Mas, nós brasileiros, ainda não
entendemos claramente o significado disso. O poder, na prática, não emana do povo
e sim dos nossos representantes políticos, justo eles que deveriam se curvar perante
as exigências da população. Na realidade, vivemos uma espécie de inversão em nossa
lógica democrática. O povo que deveria possuir o poder se vê refém dos
representantes políticos, quando, na verdade, deveria ocorrer o inverso.
Para entender melhor o lugar que nossos representantes políticos
ocupam no processo,
basta analisarmos o exemplo das eleições municipais. Na campanha eleitoral, todos
os candidatos ao cargo de vereador e prefeito se humilham perante o povo; mendigam
votos, dão abraços, cumprimentam do outro lado da rua, etc. Neste momento, eles
reconhecem o quanto são frágeis e dependentes do povo, afinal é o povo que tem o poder
para elegê-los por meio do voto.
basta analisarmos o exemplo das eleições municipais. Na campanha eleitoral, todos
os candidatos ao cargo de vereador e prefeito se humilham perante o povo; mendigam
votos, dão abraços, cumprimentam do outro lado da rua, etc. Neste momento, eles
reconhecem o quanto são frágeis e dependentes do povo, afinal é o povo que tem o poder
para elegê-los por meio do voto.
Quando passam as eleições, essa lógica se inverte, e então, o vereador
e o prefeito passam
a ser “autoridades” e o povo, aquele que deveria ditar como deseja a administração da
cidade, se torna receptor da “boa vontade” e favores daqueles que ele próprio elegeu.
Resulta-se no fato de que, ao invés de “empregados” do povo, os representantes políticos
se comportam como se fossem “patrões”. Com certeza, tem alguma coisa errada nesta
história.
Mas, afinal, de quem é a culpa?
a ser “autoridades” e o povo, aquele que deveria ditar como deseja a administração da
cidade, se torna receptor da “boa vontade” e favores daqueles que ele próprio elegeu.
Resulta-se no fato de que, ao invés de “empregados” do povo, os representantes políticos
se comportam como se fossem “patrões”. Com certeza, tem alguma coisa errada nesta
história.
Mas, afinal, de quem é a culpa?
Parece estranho, mas se analisarmos minuciosamente, a parcela de
culpa da sociedade
civil é muito maior do que a dos representantes políticos. O que acontece, na verdade, é
que nós cidadã(o)s assistimos “bestializados” a tudo que acontece na Política sem, sequer,
nos movermos quanto aos acontecimentos. A Constituição nos dá o direito de exercer o
poder, mas nós cidadã(o)s simplesmente delegamos equivocadamente todo este
poder unicamente aos nossos representantes. Sendo assim, como eles atenderão
nossas necessidades sendo que não ditamos a eles o que verdadeiramente queremos?
Em “democracias” onde só os representantes políticos administram, na maioria das vezes,
o que sobra são somente as migalhas ao povo.
civil é muito maior do que a dos representantes políticos. O que acontece, na verdade, é
que nós cidadã(o)s assistimos “bestializados” a tudo que acontece na Política sem, sequer,
nos movermos quanto aos acontecimentos. A Constituição nos dá o direito de exercer o
poder, mas nós cidadã(o)s simplesmente delegamos equivocadamente todo este
poder unicamente aos nossos representantes. Sendo assim, como eles atenderão
nossas necessidades sendo que não ditamos a eles o que verdadeiramente queremos?
Em “democracias” onde só os representantes políticos administram, na maioria das vezes,
o que sobra são somente as migalhas ao povo.
Numa simples comparação, seria o mesmo caso de um empresário que
tivesse uma
grande empresa nunca fosse visitá-la para realizar o balanço, fiscalizar as entradas e
saídas de verbas da conta corrente, etc., e deixasse todo o controle nas mãos dos
empregados. O que aconteceria? Será que a empresa iria prosperar? Claro que não!
A mesma lógica acontece também em uma cidade. Sendo assim, a Prefeitura é a “empresa”
e os secretários, prefeito e outros servidores são os “empregados”, e o “dono” da empresa
é o povo. É com o dinheiro dos altos impostos inclusos nos preços dos alimentos, da
energia elétrica, da água e de tudo que consumimos é que essa “empresa” funciona.
grande empresa nunca fosse visitá-la para realizar o balanço, fiscalizar as entradas e
saídas de verbas da conta corrente, etc., e deixasse todo o controle nas mãos dos
empregados. O que aconteceria? Será que a empresa iria prosperar? Claro que não!
A mesma lógica acontece também em uma cidade. Sendo assim, a Prefeitura é a “empresa”
e os secretários, prefeito e outros servidores são os “empregados”, e o “dono” da empresa
é o povo. É com o dinheiro dos altos impostos inclusos nos preços dos alimentos, da
energia elétrica, da água e de tudo que consumimos é que essa “empresa” funciona.
Se nós cidadã(o)s, verdadeiros “dono(a)s”, não começarmos a
fiscalizar e a ditar a
maneira como a “empresa” deve funcionar, ela logo mostrará os sinais de falência e
perderá sua capacidade de produção. Assim também acontece com a democracia. Tal
palavra deriva-se de dois termos gregos, demos: povo e cracia: poder, ou seja,
“democracia” significa “poder do povo” e esta é a forma assegurada na Constituição
na qual deve se basear as relações políticas no Brasil enquanto república. Diante disso,
cabe a nós cidadã(o)s o interesse de exercer ou não tal poder.
maneira como a “empresa” deve funcionar, ela logo mostrará os sinais de falência e
perderá sua capacidade de produção. Assim também acontece com a democracia. Tal
palavra deriva-se de dois termos gregos, demos: povo e cracia: poder, ou seja,
“democracia” significa “poder do povo” e esta é a forma assegurada na Constituição
na qual deve se basear as relações políticas no Brasil enquanto república. Diante disso,
cabe a nós cidadã(o)s o interesse de exercer ou não tal poder.
Mais uma eleição se aproxima e a pergunta que fica é: O que mudará
nos próximos anos?
A resposta é: Depende. Se assistirmos mais uma administração passar sem
participarmos diretamente das decisões, o ritmo lento do desenvolvimento irá persistir.
Agora, se pelo contrário, nós cidadã(o)s participarmos diretamente, o progresso
e desenvolvimento de todos os setores é certo, pois ao invés de um pequeno número governar
a cidade, com a participação do povo, mais problemas serão discutidos, mais soluções
serão elaboradas e, com certeza, mais rapidamente as questões serão resolvidas. Desta forma,
o trabalho dos nossos representantes será mais atentamente acompanhado, fiscalizaremos
de perto nosso dinheiro público e contribuiremos para que nossas cidades tenham
educação, saúde, saneamento, habitação, lazer, cultura e outras coisas com muito
mais qualidade.
A resposta é: Depende. Se assistirmos mais uma administração passar sem
participarmos diretamente das decisões, o ritmo lento do desenvolvimento irá persistir.
Agora, se pelo contrário, nós cidadã(o)s participarmos diretamente, o progresso
e desenvolvimento de todos os setores é certo, pois ao invés de um pequeno número governar
a cidade, com a participação do povo, mais problemas serão discutidos, mais soluções
serão elaboradas e, com certeza, mais rapidamente as questões serão resolvidas. Desta forma,
o trabalho dos nossos representantes será mais atentamente acompanhado, fiscalizaremos
de perto nosso dinheiro público e contribuiremos para que nossas cidades tenham
educação, saúde, saneamento, habitação, lazer, cultura e outras coisas com muito
mais qualidade.
Para finalizar, podemos refletir sobre um grave problema que
incomoda a
muitos, principalmente nas cidades pequenas. Falo do “rateio das secretarias”. Será que
já paramos para pensar em quais são os critérios usados para eleger a pessoa que irá
comandar uma secretaria? Isso é um assunto sério e que merece nossa total atenção, pois
o que vemos, a cada quatro anos, é que as pessoas que comandam as secretarias, em
sua maioria, nada conhecem sobre os cargos que lhes são atribuídos. É comum vermos pessoas
à frente de secretarias do meio ambiente, de obras, da assistência social, cultura, etc., que
nada conhecem sobre o assunto. Estão lá apenas sendo compensados por favores
eleitoreiros. Isso deveria ser inadmissível, pois as secretarias são importantes instâncias
da administração pública por fazerem parte do Poder Executivo.
muitos, principalmente nas cidades pequenas. Falo do “rateio das secretarias”. Será que
já paramos para pensar em quais são os critérios usados para eleger a pessoa que irá
comandar uma secretaria? Isso é um assunto sério e que merece nossa total atenção, pois
o que vemos, a cada quatro anos, é que as pessoas que comandam as secretarias, em
sua maioria, nada conhecem sobre os cargos que lhes são atribuídos. É comum vermos pessoas
à frente de secretarias do meio ambiente, de obras, da assistência social, cultura, etc., que
nada conhecem sobre o assunto. Estão lá apenas sendo compensados por favores
eleitoreiros. Isso deveria ser inadmissível, pois as secretarias são importantes instâncias
da administração pública por fazerem parte do Poder Executivo.
Perante a isso devemos nos perguntar: O que a cidade ganha quando
uma pessoa assume
a pasta de uma secretaria sem ter a qualificação necessária para assumir tal cargo? Será que
o correto não seria que o cargo de secretário (a) fosse preenchido apenas por pessoas
que fossem profissionais? Trocando em miúdos, será que um pedreiro conseguiria assumir
a secretaria de meio ambiente? Será que um açougueiro teria qualificação suficiente
para assumir uma secretaria de saúde? E mais, será que o justo não seria que tais secretário
(a)s fossem indicados pela coligação antes das eleições? Afinal, um(a) prefeito(a) não
governa sozinho(a) e é importante que o povo saiba quem serão os secretários do Executivo.
Na verdade, o que adianta ter um bom prefeito e, ao mesmo tempo, termos s
secretários desqualificados ou vice-versa?
a pasta de uma secretaria sem ter a qualificação necessária para assumir tal cargo? Será que
o correto não seria que o cargo de secretário (a) fosse preenchido apenas por pessoas
que fossem profissionais? Trocando em miúdos, será que um pedreiro conseguiria assumir
a secretaria de meio ambiente? Será que um açougueiro teria qualificação suficiente
para assumir uma secretaria de saúde? E mais, será que o justo não seria que tais secretário
(a)s fossem indicados pela coligação antes das eleições? Afinal, um(a) prefeito(a) não
governa sozinho(a) e é importante que o povo saiba quem serão os secretários do Executivo.
Na verdade, o que adianta ter um bom prefeito e, ao mesmo tempo, termos s
secretários desqualificados ou vice-versa?
Está aqui um fato aos quais os cidadãos devem cobrar explicações
de seus candidatos. Está
em nossas mãos o poder de também mudar isso. Que não nos contentemos com as migalhas
da democracia, pois como dizia Sêneca “a maior desgraça de quem não gosta de política é
ser governado por aqueles que dela gostam. Que possamos repensar nossa participação
política nas cidades onde vivemos, pois podemos fazer muito por elas.
E também lembrarmos que o ato de votar é um ato que surte um efeito mínimo pela
democracia, só isto não basta.
em nossas mãos o poder de também mudar isso. Que não nos contentemos com as migalhas
da democracia, pois como dizia Sêneca “a maior desgraça de quem não gosta de política é
ser governado por aqueles que dela gostam. Que possamos repensar nossa participação
política nas cidades onde vivemos, pois podemos fazer muito por elas.
E também lembrarmos que o ato de votar é um ato que surte um efeito mínimo pela
democracia, só isto não basta.
Afinal, não existe nada de mais impactante no desenvolvimento de
uma cidade do que
uma sociedade civil organizada e atuante junto às decisões políticas que envolvem
a coletividade.
uma sociedade civil organizada e atuante junto às decisões políticas que envolvem
a coletividade.
O poder é do povo, o que resta agora é assumí-lo e não mais viver
de migalhas.
(Publicado originalmente na Revista Avisa, 4ª edição -
Capelinha-MG)
Alexandre Macedo
alexandrefernandesmacedo@gmail.com
Assistente Social, pós graduando em Gestão de Políticas, Programas e Projetos Sociais, é colaborador do Movimento Muda Capelinha
Assistente Social, pós graduando em Gestão de Políticas, Programas e Projetos Sociais, é colaborador do Movimento Muda Capelinha
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