Reitor pediu ajuda à PMMG para bloquear
rodovia.
Estudantes, professores e outros servidores
denunciam e exigem fim da intervenção
Janir Alves Soares
confessa que integra grupo de
golpistas contra a posse de Lula
Reportagem de Aloisio Morais, no jornalistaslivres.org, em 02/11/2022.
Acredite se quiser: desesperado ao vislumbrar a perda do cargo em breve,
o reitor da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM),
Janir Alves Soares, de 51 anos, protocolou ontem documento encaminhado ao
comandante do 3° Batalhão da Polícia Militar de Minas Gerais pedindo apoio
para o bloqueio de rodovia no Alto Vale do Jequitinhonha. Teve ainda a cara
de pau de afirmar que tratava-se de um movimento “pacífico” contra o presidente
eleito Luiz Inácio Lula da Silva, que criou a universidade em Diamantina, onde,
por sinal, Janir recebeu o diploma de dentista.
“Eu sou Janir Alves Soares, membro de um grupo de pessoas diamantinenses e
apoiadores do movimento nacional pela INTERVENÇÃO FEDERAL, contra a posse
de um LADRÃO, DESCONDENADO e CORRUPTO que pretende assumir a
presidência do nosso país”, escreveu o reitor. E continuou: “Nosso grupo está
representado por trabalhadores, cidadãos ordeiros e patriotas, razão pela qual
manifestamos nossa reprovação ao resultado desta eleição presidencial ocorrida
neste mês de outubro de 2022. Além disso, estamos bastante temerosos à pauta
econômica, da educação, da liberdade de imprensa (censura), da liberdade de
expressão, da agenda de costumes, da intolerância religiosa, enfim, do regime de
governo comunista defendido pelo ex-presidente Lula”, acrescentou o cidadão
“ordeiro” ao pretender bloquear o direito de ir e vir.
Reitor Janir Soares, de blusa cinza e manga comprida, à beira da BR 367, em Diamantina,
no Alto Jequitinhonha. Ele conseguiu atrair poucos manifestantes golpistas do Movimento
Direita Minas, do
qual faz parte . Foto: DCE-UFVJM
O reitor informou ainda que o bloqueio seria feito na BR-367, em Diamantina.
“Com antecipadas escusas pela demora desta comunicação, esclareço a
Vossa Senhoria que nesta data, como já frisei, estamos realizando uma
movimentação pacífica, com bloqueio na BR-367, nas mediações do
Restaurante Pau de Fruta. O movimento iniciou-se hoje, às 12 horas e deve
estender-se por 48 horas”, disse. Janir detalhou ainda que “a pista está
sendo sinalizada por cones e pneus; as pessoas da nossa equipe estarão
bloqueando apenas uma pista e impedindo a passagem apenas de caminhões,
desde que estes não estejam transportando alimentos e outros itens
considerados de uso essencial, a exemplo de carga de remédios, veículos da
Cemig, Copasa, carga viva e similares. Os demais veículos seguirão seu curso
normal. Aos caminhoneiros serão providos apoio como água, alimentos, café.”
E, pra terminar, o reitor pediu o apoio da PM: “Nesta oportunidade, se ainda
possível, solicito o apoio da polícia militar, no sentido da manutenção da
normalidade perante possíveis atos de provocação por parte de pessoas
contrárias à esta manifestação pacífica”, concluiu, sem deixar dúvida de que
não é bom de
português.
Reitor é interventor bolsonarista
A direção do DCE Diretório Central dos Estudantes da UFVJM denuncia
Janir Soares como um interventor bolsonarista. Ele foi candidato a Reitor,
sendo nomeado em agosto de 2019. Ele ficou em quarto lugar. Negociou a
renúncia do terceiro lugar para ele entrar na lista tríplice. Fez o
compromisso de nomear para cargos de assessoria e Pró-Reitoria
quem o governo bolsonarista indicasse. Não recebeu nem 6% dos votos.
Ele tem como assessor especial da reitoria Bruno Gomides, de 25 anos,
seguidor do blogueiro
bolsonarista Allan dos Santos.
Gomides aparece nas redes sociais exercendo um forte ativismo
em grupos de extrema direita e seria estudante de Economia na Universidade
de Brasília (UnB).
Janir ao lado do ex-Ministro da Educação Abraham Weintraub, que hoje odeia Bolsonaro.
Foto:Redes Sociais
A gestão de Janir é caracterizada por grande parte do corpo de docentes
e discentes como autoritária e chegou a ser denunciada em nota pelo Diretório
Central dos Estudantes, pelo Sindicato dos Docentes e pela Associação de
Pós-Graduandos da instituição.
"As diretorias do Sindicato dos Docentes da Universidade Federal dos Vales
do Jequitinhonha e Mucuri (ADUFVJM/Seção Sindical do ANDES-SN), do
Sindicato dos Trabalhadores nas Instituições Federais de Ensino (SINDIFES)
e do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFVJM vêm a público
repudiar veementemente a PARTICIPAÇÃO DO REITOR INTERVENTOR DA
UFVJM, JANIR ALVES SOARES, EM AÇÕES ANTIDEMOCRÁTICAS E
ILEGAIS EM DIAMANTINA, MINAS GERAIS, assumindo iniciativas golpistas
e criminosas perpetradas pela extrema direita fascista no Brasil, na
tentativa de desestabilizar o país", afirma o
documento.
Na segunda-feira, 31.10, estudantes, professores e servidores
administrativos fizeram manifestação denunciando 3 anos de intervenção,
com
exigência de "Fora Jair e Janir!".
Manifestação da comunidade universitária no campus da UFVJM, dia 31.10, em Diamantina, exigindo o fim da intervenção na universidade . Foto: DCE-UFVJM.
Para Bruno Araújo, professor da Universidade Federal de Mato Grosso
(UFMT) e pesquisador de mídia e política do grupo internacional de
pesquisa Observatório do Populismo do Século 21, trata-se de um
posicionamento lamentável e intolerável.
“O dirigente de uma instituição pública de ensino federal como uma
universidade estaria impedido por princípio de apoiar atos de
natureza antidemocrática porque a universidade é o espaço da
democracia, do diálogo. É uma das instituições republicanas mais
importantes de qualquer Estado. Elas só existem no contexto de uma
sociedade livre e democrática”, afirmou o pesquisador ao site PNB On Line.
Na avaliação de Araújo, a atitude de Janir é incompatível com a liturgia do
cargo e com os princípios que devem reger uma instituição de Estado como
é a Universidade. “Na medida em que o dirigente sente-se autorizado a apoiar
direta ou indiretamente de atos que afrontam a vontade soberana da
população manifestada nas urnas o que ele faz é tomar uma atitude que
fere de morte os princípios mais básicos do regime republicano, que é o
único no qual as universidades
podem funcionar de forma livre”.
O FORIPES-MG, forum que congrega universidades federais, institutos
federais, o CEFET-MG e as universidades estaduais divulgaram
ontem um documento em defesa do resultado eleitoral e da normalidade
democrática. Dezessete reitores assinaram o documento, apenas Janir Alves
Soares recusou a deixar sua assinatura.
Fontes: jornalistaslivres.org, DCE UFVJM, ADUFVJM/Seção Sindical do
ANDES-SN) e SINDIFES.
Confira aqui no link abaixo informações sobre a posse e nomeação
do Janir Soares como Reitor da UFVJM, em 2019, numa verdadeira intervenção: http://blogdobanu.blogspot.com/2019/08/balburdia-na-ufvjm-bolsonaro-nomeia.html
3 comentários:
O deputado federal Rogério Correia ( PT- MG) publicou no Twitter: "Vamos representar contra ele por atentar contra a democracia, crime previsto na Constituição. Temos fotos e vídeos da ação dele na estrada".
Por aí a gente vê o nível lamentável dos "homens do bolsonarismo"; ferem princípios constitucionais e humanos fundamentais em nome de interesses próprios. De um interventor com 3% dos votos da comunidade acadêmica não se espera muita coisa, mas ele extrapolou; e crimes precisam ser punidos, só isso!
O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) publicou no Twitter :"Este é um reitor interventor, daqueles que não foram eleitos e sim imposto à comunidade escolar pelo genocida derrotado. Vamos representar contra ele por atentar contra a democracia, crime previsto na Constituição. Temos fotos e videos da ação dele na estrada".
Postar um comentário