Ele lutava contra um câncer e iria completar 98 anos dia 12 de outubro.
Foto: Gazeta de Araçuai
Joaquim Vasconcelos em uma das suas últimas fotos; feitas em junho na casa dele, no centro histórico de Araçuai.
Morreu na noite desta sexta-feira (01/09), Joaquim Vasconcelos, pioneiro das comunicações em Araçuai, no Vale do Jequitinhonha (MG). Desde o ano passado, ele lutava contra um câncer que atingiu o fígado e um dos pulmões. Ele iria completar 98 anos no próximo dia 12 de outubro.
Foram 10 meses, desde o descobrimento da doença, passando por uma cirurgia e tratamento, até a morte por volta das 23h30m desta sexta-feira (1). Ele estava em casa, com familiares.
O corpo está sendo velado na Capela Caminho do Céu; e o sepultamento deverá ocorrer na manhã de domingo (03.09) no antigo cemitério municipal, no jazigo da família em Araçuai.
Nascido em Pequi, centro-oeste de Minas, ele chegou a Araçuai em 1949 para instalar a estação radiotelegráfica, a pedido do então governador de Minas, Miltom Campos, e retornar para Belo Horizonte, onde passou boa parte da adolescência e juventude.
“ Na época Araçuai vivia no mais completo isolamento com relação aos meios de Comunicação. Falar com o mundo, só pelos Correios e olhe lá. Luz elétrica era gerada por um motor diesel e a cidade ficava até 3 meses na escuridão”, lembrava ele.
A Estação de Rádio funcionava no antigo prédio da prefeitura municipal e foi fechada em 1988 após a aposentadoria de Vasconcelos que foi nomeado para o cargo de Agente de Telecomunicações em 1952, pelo então governador Juscelino Kubitschek , o JK.
Pai de cinco filhos, (entre eles, o jornalista Sérgio Vasconcelos), cinco netos e uma bisneta, ele era casado com a professora e pesquisadora Virgínia Chaves, ( dona Zina )que faleceu em 2008 vítima de um enfarte e com quem viveu durante 65 anos.
Gostava de política e de acompanhar tudo que acontecia no mundo e no Brasil, até descobrir a doença no final do ano passado .
Em 1945, durante o governo Benedito Valadares, atuou como uma espécie de assessor de imprensa do governo.
“Eu trabalhava em uma sala que fazia conexão com o gabinete do governador. Recebia as noticias e repassava para ele e para a imprensa”, contava Vasconcelos.
Um dos episódios que gostava de relembrar era sobre a queda de Getúlio Vargas em 29 de outubro de 1945. “ Era perto de 1 hora da madrugada . O governador Benedito Valadares estava acordado quando eu recebi o comunicado e levei para ele. Benedito leu e me devolveu sem nada dizer. Pela manhã todo o governo estava deposto”,
LEMBRANÇAS E HOMENAGEM
Joaquim Vasconcelos falava do carinho e respeito para com o ex-governador e ex-presidente JK e do ex-governador Benedito Valadares. “ Benedito gostava de tomar uns uísques; e muitas vezes ia dormir no sofá da minha sala, no Palácio da Liberdade”, revelava.
Outras lembranças eram as da Segunda Guerra Mundial. “ Eu recebia as notícias através das agências , principalmente a Reuters Brasil. Era a maior e mais confiável fonte de notícias do mundo. Em seguida, eu repassava para a imprensa.No outro dia, nem precisava ler os jornais, dizia ele que também fez bicos nos Diários Associados que incluía os jornais Estado de Minas, Folha de Minas e Diário da Tarde.
Em 2006, foi homenageado pelo então governador de Minas, Itamar Franco, durante solenidade de inauguração da Hidrelétrica de Irapé, batizada de Usina presidente Juscelino Kubitschek.
“Araçuai perde um mestre, um grande homem, de caráter ilibado e uma retidão inquestionáveis”, lamentou o amigo e advogado Miltom Silva.
“ Éramos amigos. De uma inteligência e memória incríveis. Sempre pautou sua vida em defesa da ética e da democracia. Foi um cidadão do Brasil e Araçuai tem obrigação de homenagear este homem, nem que seja dando o nome dele a uma rua, avenida ou praça", destacou o delegado aposentado Levi Bonifácio.
Fonte: Sérgio Vasconcelos repórte, na Gazeta de Araçuaí
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