Projeto está em estudos desde o início do ano. Moradores garantem que vão protestar se o Destacamento Policial for desativado.
Foto: Gazeta de Araçuai
Distrito de Lelivéldia conta com 1.183 familias e cerca de 3.797 moradores, segundo dados do IBGE.
A possível desativação do Destacamento da Polícia Militar em Lelivéldia, distrito de Berilo, no Vale do Jequitinhonha,(MG) está mobilizando os moradores do lugar que possui em torno de 3.797 habitantes, distribuídos por 25 comunidades rurais próximas. Eles prometem protestar contra a medida.
O prédio onde funciona o Destacamento é uma obra da CEMIG e conta com três policiais e uma viatura.
O Destacamento foi inaugurado em novembro de 2003, durante o período de construção da Usina Hidrelétrica de Irapé, que fica a 7 km do centro do Distrito. Na época, pelo menos 3 mil operários de várias partes do país, se concentraram no lugarejo e no alojamento da Usina.
De acordo com informações do Batalhão da PM, sediado em Capelinha, do qual o Destacamento é subordinado, o projeto para desativar a unidade policial, ainda está em estudos e não há nada definido. “ O parecer é pela desativação”, disse o Sargento Cachoeira, lotado na unidade há um ano e meio. Ele disse que o lugar tem um baixo índice de violência. Este ano foram registradas 186 ocorrências. A maioria relativa a atritos verbais, lei Maria da Penha, pequenos furtos e ocorrências de trânsito.
Mas nem sempre foi assim. Ano passado, dois menores espancaram um idoso na Comunidade de Monte Alto, a poucos quilômetros de Lelivéldia . Foram registradas depois, duas tentativas de roubo seguidas de espancamento a um idoso morador do distrito. Os dois menores que possuíam várias passagens pela PM foram apontados como suspeitos. Depois que eles se mudaram do lugar, a paz voltou a reinar, segundo a PM
Há pelo menos 5 anos, nenhum homicídio é registrado no lugar.
“ Estamos preocupados porque, com a chegada do asfalto, o tráfego de veículos e de pessoas vai aumentar. Existe ainda o projeto de construção de uma Usina Termelétrica a 8 km daqui . Tudo isso vai atrair pessoas estranhas. Neste momento, não é hora de falar em desativar o posto policial, pelo contrário, vamos precisar de reforços.”, alerta o comerciante Hermes Barroso, 39 anos, proprietário de uma casa de material de construção.
O receio dele é compartilhado pela maioria dos moradores. “ Se for desativar, será em uma hora errada”, reconhece o Sargento Cachoeira.
“Lelivéldia tem 67 estabelecimentos comerciais que pagam impostos, uma escola estadual com mais de 800 alunos, uma creche, uma policlínica, além da proximidade com o maior plantio de eucalipto do mundo. A presença da Polícia Militar é de fundamental importância. Vamos lutar para manter o destacamento”, afirma o vereador Jovino dos Santos (PSD) presidente da Câmara dos Vereadores de Berilo e morador do distrito.
Em maio ele convocou uma reunião na Câmara para debater com os moradores e lideranças do município, a forma de impedir que os três policiais lotados em Lelivéldia, sejam transferidos para Berilo, onde existe um efetivo de apenas 6 policiais.
Ele lembra que o distrito é ligado à sede do município, por uma estrada de terra de 25 km. “ A estrada não é boa. Quando chove fica pior.Em uma ocorrência mais grave, a polícia vai demorar mais de uma hora para chegar até ao distrito”, alerta o vereador.
Só interessa aos bandidos
“Fechar o Destacamento Policial de Lelivéldia só interessa aos bandidos”, desabafa o comerciante José Ferreira Lopes, de 60 anos. Há mais de 30 anos ele mantém um bar às margens da rodovia e já foi vítima de furto por 3 vezes. Para se sentir mais seguro, ele instalou um portão com grades nos fundos do estabelecimento. “ Quando saio, deixo alguém vigiando. Se com os policiais aqui já é uma baderna, imaginem sem eles”, diz o comerciante.
Triste lembrança
Carlos Carmelo Viana Dutra, de 31 anos, conhecido por Carlinhos, é frentista e gerente do único posto de combustíveis que fica às margens da rodovia, e há pouco mais de 1 km do centro do distrito. Há dois anos, ele viveu momentos de terror nas mãos de dois criminosos encapuzados e fortemente armados que assaltaram o estabelecimento. “ Naquele dia, eu pensei que iria morrer. Só estava eu e um colega no posto. Eram 21 horas de uma sexta-feira. Os dois elementos chegaram, colocaram armas na minha cabeça, levei coronhadas e fui ameaçado de morte. Eles nos obrigaram a ficar deitados. Em seguida, quebraram o computador do escritório e as câmeras de monitoramento e fugiram com o dinheiro do caixa. Ninguém foi preso”, lembra o funcionário.
Para ele, todo posto de combustível está sujeito à ação de criminosos. “ Aqui, a viatura sempre passa, faz a ronda, nos sentimos mais seguros. Lugar que não tem polícia a bandidagem toma conta. Pagamos impostos e o Estado tem obrigação de nos fornecer segurança”, observa Carlos Carmelo. “ Se este projeto avançar, vamos protestar, fechar a rodovia e chamar a atenção dos governantes”, avisa o frentista.
Procurado pela reportagem, o deputado estadual votado na região Dr. Jean Freire (PT). disse que já tem conhecimento da situação e que vai levar o caso para ser decidido pelo Comandante Geral da Polícia Militar de Minas Gerais.
Sérgio Vasconcelos Repórter, na Gazeta de Araçuaí
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