quarta-feira, 28 de junho de 2017

Risco de desabamento faz escola estadual suspender aulas em Araçuai

Problemas no telhado do prédio do anfiteatro da escola, surgiram em 2015, mas somente agora, Superintendência Regional de Ensino decidiu pela interdição.

Foto: Gazeta de AraçuaiRisco de desabamento faz escola estadual suspender aulas em Araçuai
Com 1.200 alunos, Escola Industrial São José. localizada no bairro Vila Magnólia, é a maior do município.

Os mais de mil estudantes da Escola Estadual Industrial São José, em Araçuai, no Vale do Jequitinhonha, ficarão sem aulas ,  a partir desta quarta-feira (28), porque a instituição foi interditada por determinação da Superintendência Regional de Ensino (SRE).

A medida foi tomada depois que um engenheiro da  SRE esteve no local, na tarde desta segunda-feira (26) e comunicou  à direção, que a escola deveria ser fechada porque o telhado do anfiteatro corre  o risco de desabar a qualquer momento.

O anfiteatro fica pelo menos 50 metros de distância do prédio principal da escola e próximo à quadra poliesportiva.Ele é utilizado apenas em ocasiões festivas e atividades rotineiras da escola. Fitas foram colocadas na entrada do prédio para indicar a interdição.


Anfiteatro tem capacidade para acomodar cerca de 300 pessoas.
Anfiteatro tem capacidade para acomodar cerca de 300 pessoas.


.INDIGNAÇÃO

Professores e alunos  estão indignados,  já que a Superintendência de Ensino, não indicou  outro prédio para abrigar a escola, e os estudantes estão sem uma previsão de quando poderão retornar para as salas de aula.

Os problemas no telhado do anfiteatro - segundo os professores - foram detectados em 2015. Desde então, a direção da escola enviou inúmeros ofícios à SRE, relatando a situação.

“ Perdemos a conta de quantos ofícios foram encaminhados”, lembra Cilene Matos Campos, vice-diretora.

“ Nunca vimos um descaso tão grande com a comunidade escolar”, lamentou Regina Aguilar, professora de Português.

RISCOS

O perigo de desabamento se agravou nos últimos dias, depois que o telhado apresentou empenamento acentuado e surgiram rachaduras nas paredes.


 A Superintendente Regional de Ensino, com sede em Araçuai, Elisemar das Graças Lopes Lima, disse em entrevista por telefone, que as atividades no local permanecerão paralisadas por questões de segurança, até a conclusão dos serviços de retirada das telhas e do  madeiramento. “ Creio que isto poderá levar no máximo 5 dias. Após isso, a escola poderá retornar às suas atividades normais”, assegurou a superintendente.

Ela reconhece que houve falha na comunicação do fato, e que pais e professores, deveriam ter sido informados com maior antecedência sobre a interdição.

BILHETE

Tiago Gusmão mostra comunicado entregue aos alunos, informando sobre a interdição.
Tiago Gusmão mostra comunicado entregue aos alunos, informando sobre a interdição.


Nesta terça-feira (27), os alunos levaram para casa um comunicado, avisando aos pais sobre a suspensão das aulas, para assegurar a integridade física dos estudantes e professores. “ Aqui não fala por quanto tempo ficaremos sem aulas”, reclamou Thiago Gusmão Cardoso, de 17 anos, aluno do 1º ano do ensino médio.

No ofício encaminhado pela SRE à direção da escola, também não há informações sobre prazos.

CAMINHADA

 “ Reconhecemos os riscos do desabamento, mas entendemos também que a Superintendência deveria ter feito um planejamento melhor, com a indicação de um outro local para alojar a escola. Quem  sai perdendo são os alunos. Estamos defendendo uma grande caminhada,  e que pais, professores e alunos, abracem esta causa, e cobrem da Superintendência de Ensino soluções urgentes para o problema”, argumenta Marleide Silva Santos, professora e mãe de um aluno de 14 anos.

Uma manifestação está marcada para o dia 30, sexta-feira, a partir das 9 horas, na porta da Superintendência de Ensino, na rua das Tulipas, bairro Nova Terra, em Araçuai.

“ Não queremos ficar todo este tempo sem aulas. Já deveriam ter previsto o problema que isso iria causar. O que vamos perder, não será fácil recuperar no período das reposições”, destaca Samuel Matos, de 16 anos, estudante do 2º ano do ensino médio.


Reposição das aulas será feita aos sábados, recessos, e em horários extra-turmas.
Reposição das aulas será feita aos sábados, recessos, e em horários extra-turmas.


Ainda de acordo com a Secretaria de Educação, após a liberação do prédio, será elaborado um calendário especial de reposição de aulas para garantir o cumprimento dos 200 dias letivos aos estudantes. " Isso se for necessário", diz a SRE.

FALHAS

Anfiteatro fica próximo à quadra e distante pelo menos 50 metros, do prédio principal da escola.
Anfiteatro fica próximo à quadra e distante pelo menos 50 metros, do prédio principal da escola.


A Superintendente de Ensino, Elisemar das Graças, culpou a burocracia do estado pela demora   no processo de conclusão da licitação que escolheu a empresa Norte Sali Ltda, da cidade de Salinas para realizar as obras de recuperação da estrutura do telhado.
As obras custarão R$ 117.392,00. mas o dinheiro ainda não foi liberado. A SRE não informou o prazo de conclusão.
   
Ainda segundo Elisemar das Graças, os problemas de empenamento e trincas nas paredes do anfiteatro, surgiram por conta de falhas de engenharia. 

O anfiteatro foi construído pela Maioline Xavier Construção, com sede em Araçuai ao preço de R$ 161.988,00, A obra foi concluída em 9 meses e foi entregue em dezembro de 2007.

O engenheiro Júlio Xavier, responsável pela obra, se defende, afirmando que  com o passar do tempo,   é normal o empenamento da madeira. “ Ao longo desses anos, o prédio deveria ter passado por manutenção, para não chegar a este ponto. Não entendi por que foram suspensas as aulas.”, avaliou o engenheiro.

Com 1.200 alunos matriculados, a escola foi construída na década de 90 e é considerada a maior do município.


Sérgio Vasconcelos Repórter, na Gazeta de Araçuaí

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