Orgão diz que não estava preparado para assumir trecho de 80 km entre Araçuai e Itaobim, que estava sob responsabilidade do DER- Departamento de Estradas de Rodagem de MG.
Foto: Gazeta de Araçuai
A falta de manutenção faz crateras se multiplicarem no trecho da rodovia
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) não tem dinheiro para recuperar um trecho de 80 km da BR-367, entre Araçuai e Itaobim, no Vale do Jequitinhonha que está em péssimas condições de conservação e oferece risco diário à segurança de motoristas . Inúmeros acidentes já foram registrados ao longo da rodovia federal nos últimos meses, alguns com vítimas fatais.
O trecho estava sob responsabilidade de uma empresa terceirizada pelo DER mas foi transferido em outubro do ano passado para o DNIT.
“ Esta decisão de repassar o trecho para o DNIT foi um acordo de cúpula e o DNIT não está preparado para resolver o problema. Não tenho como fazer nada. Já fizemos vários relatórios para a superintendência em Belo Horizonte, pedindo providências. Não posso criar recursos. O Brasil inteiro está nesta situação”, afirmou o supervisor regional do órgão, em Teófilo Otoni, José Carlos Maia.
Ele disse que o DNIT deverá contratar através de licitação, uma empresa para cuidar por 5 anos, da manutenção do trecho que vai até Salto Divisa, na divisa com o estado da Bahia. “ A licitação será em torno de R$ 20 milhões”, informou Maia.
“ Ainda não chegou nada por aqui. Desconheço esta licitação. O que existe é um planejamento”, afirmou Evandro Fonseca, presidente da Comissão de Licitação do DNIT.
O superintendente do órgão em Minas Gerais, Álvaro Campos de Carvalho e o assessor de Comunicação Bernardo Pinto não foram localizados para comentar o assunto.
Indignação
Pelas redes sociais, usuários da BR-367 no Vale do Jequitinhonha, postam diáriamente fotos da situação precária e perigosa do trecho.
São inúmeras crateras que se formaram ao longo de toda a estrada, forçando os motoristas a manobras perigosas.
Muitos usuários, culpam o tráfego intenso de carretas carregadas com granito e eucalipto.
“ A camada de asfalto é fina e não foi feita para suportar estas cargas. Deveria ter uma manutenção periódica para evitar chegar nesta situação”, dizem os engenheiros.
Além dos buracos, o matagal às margens da rodovia encobre as placas de sinalização.
Por conta disso, a Polícia Rodoviária vem registrando frequentes acidentes, muitos deles com vítimas fatais.
“ Isso é um absurdo. É o resultado da roubalheira, da irresponsabilidade e do descaso que o DNIT trata as estradas do país
Protestos
Há anos a BR-367 vem sendo alvo de protestos na região. Os manifestantes reivindicam asfaltamento e melhores condições das pontes e mata burros, que ainda são de madeira no trecho que liga Virgem da Lapa a Minas Novas e Jacinto a Salto da Divisa. Estes trechos não são asfaltados.
A estrada é uma importante ligação entre Minas Gerais e o litoral baiano. Iniciada na década de 1950, durante o governo de Juscelino Kubitschek, alguns trechos da rodovia se encontram em situação precária. O asfalto, que começou a ser implantado em 1980, até hoje não foi concluído. Mais de 100 km de estrada continuam sem asfalto. O trecho que está asfaltado não vem recebendo manutenção.
O asfaltamento da rodovia alimentou os discursos de campanha do então presidente Lula e a atual presidente Dilma Roussef, além de candidatos a deputado e governador. Tudo ficou em promessas.
Fonte: Gazeta de Araçuaí
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