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Uma agricultora do Assentamento Franco Duarte, em Jequitinhonha, Minas Gerais, e militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) e da Cáritas Diocesana de Almenara, que dizia que queria: “viver com as famílias e aqui no Franco Duarte até os próximos 100 anos. Continuo me organizando porque acredito no povo, acredito na luta do povo .” Acreditou na mística militante, na alegria popular, na luta e coragem da classe trabalhadora e na força da mulher. Não só acreditou, como se dedicou a esta causa e nos ensinou a beleza da luta pela liberdade. Seus ensinamentos estão conosco, e sempre nos inspirará. É difícil descrever quem foi Cidona, que nos deixou no último dia 27, não é fácil achar palavras para contar a emoção de ouvir ela recitar um poema, do arrepio ao vê-la puxando uma palavra de ordem, da ternura de seu abraço, do ecoar do seu cantar, da beleza de seu sorriso e da força de seu olhar. E esta baiana mais amineirada que possa existir se despediu de todos nós da maneira que mais gostava, ajudando e festejando. No momento de sua partida ela estava contribuindo na organização de uma festa, cozinhando, cantando, rebolando e enfeitando o ambiente com bandeirolas e muita alegria. E podia deixar de dançar? Ela mesma comentou naquele dia que “no dia que eu morrer ninguém pode falar que foi por causa de bebida ou cigarro, mas que será de tanto dançar”. Na noite durante o forró, suada de tanto rir e foliar, num momento breve ela partiu, sem sofrimento e agonia, deixando por fim essa bela e árdua caminhada para finalmente poder descansar. E ter que se despedir dela não foi uma tarefa muito fácil. Mas como tudo que Cidona está envolvida se
Obrigado por tudo Cidona! A semente de união, esperança, força e alegria nunca deixará de estar com cada pessoa teve a bela oportunidade de estar contigo. O povo brasileiro agradece cada entrega e cada riso seu. Gratidão eterna querida companheira, fique em paz! Depoimentos de vários companheiros e companheiras da ASA Minas: “Nem sabemos o que sentir direito, é uma mistura de muitas coisas... Espanto, saudades, lembranças, sorrisos, alegrias, lágrimas, dores e uma infinidade de troca de saberes e sabores... O quanto aprendemos com você, o quanto lutamos com você, o quanto sonhamos com você, o quanto desejamos por e com você. Só deu tempo para um breve abraço e um beijo suave até parecia que a gente se dizia até breve, muitas e muitos de nós nem podem te abraçar e esse abraço vai fazer falta, porque saber que você estava aqui ao nosso lado sempre nos deu mais coragem e mais força. É justamente com essa força e coragem que você nos deixou que podemos hoje lhe dizer até breve amiga, você se foi como sempre viveu, rindo, feliz, animando o povo e acreditando na vida!!! E nós daqui só temos mais um pedido a lhe fazer: continue ao nosso lado nos dando a sua mão, a sua força, a sua alegria e a sua coragem de continuarmos seguindo em frente. Temos uma certeza: Jamais esqueceremos você!!! Valquíria Lima/ASA Minas “Cidona, obrigada pelo exemplo de força, garra, animação e crença na utopia de um mundo mais justo e solidário, que continuarão sempre presentes em nossa caminhada. Mulher apaixonada pelo Jequitinhonha, pelo Semiárido, pelo Brasil. Seu legado de luta, alegria e esperança alimentará para sempre nossa caminhada. Um abraço de gratidão da ASA Minas e dos Movimentos Populares do Semiárido.” Helen Santa Rosa e Helen Borborema/ASA Minas Não tem como não lembrar de Cidona, sem vir junto a memória, a alegria, a disposição para a luta, a solidariedade e a ternura. Figura ímpar, com sua força, nos animava para continuar seguindo em frente. Agora sem dúvida o que marca é seu exemplo de vida. Ela vivia o que pregava, acreditava no que fazia, vida simples, dedicada à causa popular. Por tudo isso, ela vai fazer muita falta ao nosso Vale, à Minas e ao Brasil, seguiremos em frente minha amiga e companheira, seu exemplo e seu espírito continuarão nos guiando até a vitória sempre. Pátria livre! Venceremos! Samuel da Silva/Cáritas Regional Minas Gerais Voa querida, voa. E no que pudermos, viva! A vida é sopro. Como saber do último? Nós duas acocoradas ao pé do borralho, saia arribada pro agachamento durar o tempo da prosa, larga. Eu, ria das tuas perguntas. Tu, das minhas respostas. E vice-versa. Igualmente diferentes. Diferentemente iguais. Sonoridade, talvez tenha essa textura. Houvesse Adélia te conhecido, seria outro o poema. A palavra esbelto não faria sentido, tão pouco ser pesado o cargo de carregar bandeira. "Pesada é a vida com a barriga encostada no fogão". [Sobre meu lombo, eu mesma escolho] Pesada, Cidona, seria a luta, sem tua alegria. Dançar, sem tua voz. Acordar, sem tua poesia. Marchar, sem teu ânimo. O cotidiano, sem tua toda disposição. O feminismo, sem tua síntese. "A mulher largou o fogão pra fazer revolução". Nem preciso fechar os olhos pra te ouvir. Choro. [Que ninguém que não viva com as latas d'água na cabeça, no corte de lenha pro mexido do dia e família no lombo, se atreva a chamá-la de ultrapassada e panfletária]. Pesado querida, seria ser mulher sem ter andado por esse vales contigo, sem ter vivido a ideia radical de defendermos juntas que nós mulheres somos gente, agindo. Tão simples quanto isso - feminismo. Por tudo, agora é tão pesada tua falta. Pesado saber ser resultado do trabalho e da vida, maldito perfil epidemiológico da gente nossa, que tudo dá para alterá-lo e nada recebe em vida. Houvesse Adélia te conhecido, concluiria: Mulher é indobrável. Tu és. Que o peso não nos dobre, e se dobrar, que não nos quebre. Obrigada, nega. Somos muitas a te agradecer. Amor e luta enquanto houver vida. Voa querida, voa. E no que pudermos, viva! Débora Antoniazi Del Guerra, da Marcha Mundial das Mulheres Publicado no asabrasil.org.br |
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