segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Musical sobre vida da artesã Zefa de Araçuaí faz sucesso no Rio de Janeiro

Espetáculo se apresenta no Teatro Maria Clara Machado, no Rio de Janeiro, entre os dias 29 de novembro e 15 de dezembro.

Um grupo de artistas do Rio de Janeiro fez pesquisas no Vale do Jequitinhonha e descobriu uma história fantástica de uma mulher de fibra e talento: Dona Zefa, a artesã nordestina que vive há muitos anos em Araçuaí, no Médio Jequitinhonha, nordeste de Minas.
O Grupo NEPAA-Núcleo de Perfomances Afro-Americanas montou um belo musical que emociona a todos que o assistem. No ano de 2012, fez longa temporada no Rio de Janeiro. Fez turnê por Santa Catarina e Paraná.


Volta ao cartaz no Rio de Janeiro, no Teatro Maria Clara Machado, no Planetário da Gávea, entre os dias 29 de novembro e 15 de dezembro.
Quem assiste o espetáculo fica impressionado, emocionado e curioso em conhecer Dona Zefa de Araçuaí e o Vale do Jequitinhonha.
Leia abaixo um texto do crítico de arte Vinicio Angelici.

O evangelho segundo Dona Zefa


Por Vinício Angelici, em novembro 2012, no 40º FENATA.Festival Nacional de Teatro Amador, em Ponta Grossa - PR



O evangelho segundo Dona Zefa, com o grupo NEPAA, do Rio de Janeiro
Saí do teatro com muita vontade de conhecer Dona Zefa, essa figura lendária, que está com 87 anos e vive em Araçuaí- MG, no Vale do Jequitinhonha. O espetáculo, montado pelo grupo NEPAA (Núcleo de Estudos de Performances Afro-Americanas), do Rio de Janeiro – RJ, foi criado a partir da figura e das histórias dessa escultora e contadora de causo. Ela, quando criança, devido às sucessivas secas, perambulou com a família pela região de Canudos, no norte da Bahia, vindo da fronteira de Alagoas com Sergipe. Desde cedo, entretanto, revela sua vocação para contar história e desde então, não para mais. Nos anos 1950, seu irmão vai ajudar a construir Brasília e não volta mais. Ela e sua cunhada migram para Minas Gerais, onde ela adota diversas profissões até descobrir seu verdadeiro talento: escultora.
O texto de Zeca Ligiero propõe que o ator desenvolva a sua narrativa épica a partir das ricas tradições orais. Ele assina também a direção e assume sua opção por um teatro épico, narrativo, colocando em cena, uma atriz performer (Marise Nogueira) e dois músicos sensacionais (Rachel Araújo e Chiquinho Rota).

Marise Nogueira, dotada de inúmeros recursos, interpreta Dona Zefa com garra e nuances, de forma arrebatadora. Ela ora narra, ora interpreta, numa atuação memorável. Na primeira parte do espetáculo, Marise, sem máscara, conta várias histórias do tempo de Dona Zefa menina, a história de Antonio Conselheiro, de seu noivado malogrado, entre outras. Na segunda parte, a atriz coloca a máscara de Zefa velha e conta sua experiência como escultora e nota-se que o espetáculo cresce, atingindo sua plenitude. Na parte final, Marise retira o figurino de Zefa e conta sua própria história, num depoimento emocionante.
A montagem é pontuada por belas músicas de Edu Krieger e Zeca Ligiero, que ganharam direção musical de Chiquinho Rota e tem seu ponto alto no número em que o trio de intérpretes, muito afinado, usa óculos escuros (imitando cegos), causando comoção na platéia.
A cenografia, simples e funcional é assinada por Carlos Alberto Nunes, também responsável pelos adereços. Com fundo preto (cortina) e sobre um carpete estão suspensas quatro esteiras de palha (onde são presos vários objetos), um toco de madeira (banco), três malas, uma mesa pequena, dois bancos (para os músicos), duas violas e uma sanfona. Há também seis lampiões pendurados, causando bonito efeito cênico. Uma das malas se transformará em uma zabumba, tocada pela protagonista, atestando a funcionalidade do cenário.
Em cima da pequena mesa, fica a máscara de Dona Zefa, criada por Marise Nogueira. O boneco de São Benedito, muito bem feito e manipulado em cena, foi confeccionado por Marcos Nicolaiewsky e Alexandre Guimarães, remetendo à tradição do imaginário nordestino e do Vale do Jequitinhonha, presentes na arte de Dona Zefa. Os figurinos de Daniele Geammal revelam pesquisa apurada e atendem aos objetivos da montagem.

A montagem traz a riqueza da tradição oral desta incrível grio brasileira. A palavra griô, deriva da palavra francesa “griot’’, que define o tradicional contador de histórias africano. Além disso, é um grande conhecedor da cultura e sua palavra é muito importante na comunidade, seja como conselheiro, curandeiro, etc.
Esta peça é um exemplo de que com poucos elementos e muito talento pode-se fazer um grande espetáculo.
  1. O evangelho segundo Dona Zefa - Adulto - YouTube

    www.youtube.com/watch?v=BX57OUfJAmg

    Nov 9, 2012 - Uploaded by Amanda Fenata
    Dia 07-11-12 Edição: Mari... ... O evangelho segundo Dona Zefa - Adulto ... Peça teatral sobre Zefa ...

    Peça teatral sobre Zefa 20 07 12 TV Araçuaíby tvaracuai63 views

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