De Minas direto para Nova York
O ponto de partida é o Vale do Jequitinhonha,
no nordeste de Minas.
A parada final é uma das megalópoles mais
célebres do mundo: Nova York, nos Estados
Unidos. É esse o destino de três mineiras,
que vão mostrar, na sede da Organização
das Nações Unidas (ONU), o artesanato
produzido nas Gerais. Elas foram selecionadas
com outras 12 mulheres, num universo de mais
de 100 inscrições, para representar a arte
do país na exposição Mulher artesã brasileira,
que ocorrerá durante a Assembleia Geral da
ONU, no início de setembro. Algodão, barro
e flores são as matérias-primas dos produtos
que prometem encantar chefes de Estado de
todo o planeta.
O projeto é uma iniciativa da Associação Brasileira
de Exposição de Artesanato (Abexa), com patrocínio do Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e apoio do Instituto Centro Cape, da Agência
Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e da Secretaria
da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República.
Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e apoio do Instituto Centro Cape, da Agência
Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e da Secretaria
da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República.
A seleção foi rigorosa, e não bastava ter talento. A presidente do Centro Cape, diretora
da Abexa e idealizadora do projeto, Tânia Machado, explica que foram levados em conta
ainda a inovação, o espírito empreendedor, o impacto do trabalho na comunidade, a
criatividade e a ética. "Além de ser artista, era preciso ser uma pessoa que trabalha em
prol da comunidade", afirma.
da Abexa e idealizadora do projeto, Tânia Machado, explica que foram levados em conta
ainda a inovação, o espírito empreendedor, o impacto do trabalho na comunidade, a
criatividade e a ética. "Além de ser artista, era preciso ser uma pessoa que trabalha em
prol da comunidade", afirma.
No seleto grupo está Maria José Gomes da Silva, a Zezinha, de 45 anos, moradora da
comunidade de Campo do Buriti, na zona rural de Turmalina, no Vale do Jequitinhonha.
Ela usa barro e argila para fazer bonecas que são de encher os olhos. Agora, a artesã
vive a expectativa de poder sair, pela primeira vez, do país. Na mala, as peças já estão
definidas: uma noiva e 70 cm de altura, uma boneca sentada e uma flor. A associação
da qual ela faz parte tem hoje 46 artesãs, que vivem praticamente da renda obtida
com a venda dos artesanatos.
comunidade de Campo do Buriti, na zona rural de Turmalina, no Vale do Jequitinhonha.
Ela usa barro e argila para fazer bonecas que são de encher os olhos. Agora, a artesã
vive a expectativa de poder sair, pela primeira vez, do país. Na mala, as peças já estão
definidas: uma noiva e 70 cm de altura, uma boneca sentada e uma flor. A associação
da qual ela faz parte tem hoje 46 artesãs, que vivem praticamente da renda obtida
com a venda dos artesanatos.
Na época da inscrição, ela foi incentivada pela equipe da Empresa de Assistência Técnica
e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater). "Falaram que eu era forte candidata,
mas não tive expectativas. Fiquei surpresa com o resultado, não esperava. A gente fica
meio sem acreditar", afirma.
e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater). "Falaram que eu era forte candidata,
mas não tive expectativas. Fiquei surpresa com o resultado, não esperava. A gente fica
meio sem acreditar", afirma.
O artesanato surgiu na vida de Zezinha com a necessidade de confeccionar os próprios
brinquedos. A partir dos 15 anos, ela aproveitou os ensinamentos da mãe para fazer da
brincadeira sua fonte de geração de renda. Hoje, é referência na associação, ao repassar
suas técnicas e garantir a continuidade desse trabalho. Ela garante que fazer as bonecas
não é complicado. Para ela, difícil mesmo é achar o caminho das pedras para ganhar o
mercado internacional. "Somos pequenos, não sei se temos condições para exportar,
mas tudo servirá como experiência e aprendizado", revela.
brinquedos. A partir dos 15 anos, ela aproveitou os ensinamentos da mãe para fazer da
brincadeira sua fonte de geração de renda. Hoje, é referência na associação, ao repassar
suas técnicas e garantir a continuidade desse trabalho. Ela garante que fazer as bonecas
não é complicado. Para ela, difícil mesmo é achar o caminho das pedras para ganhar o
mercado internacional. "Somos pequenos, não sei se temos condições para exportar,
mas tudo servirá como experiência e aprendizado", revela.
SINGELEZA
Se Zezinha adota o jeito mineiro da cautela, Juracy Borges da Silva, de 50, da comunidade
de Galheiros, distrito de Diamantina, também no Jequitinhonha, aposta na vitrine da ONU
para ir mais longe. Secretária e representante municipal da Associação de Artesãos
Sempre-Viva, ela ficou sabendo da inscrição por meio do pessoal do Instituto de
Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Idene). "Quando recebi a notícia
fiquei numa extrema alegria, pois esperávamos há muito tempo a oportunidade de mostrar
nosso trabalho no exterior", conta. O artesanato do grupo tem na singeleza das sempre-
vivas o pilar da beleza, e por isso, o projeto desenvolvi, do na comunidade inicialmente
com o objetivo único de conservar espécies tem o mesmo nome da flor. Além dela, são
usadas ainda folhas, frutos, cascas, fibras de bananeira e palha de milho.
de Galheiros, distrito de Diamantina, também no Jequitinhonha, aposta na vitrine da ONU
para ir mais longe. Secretária e representante municipal da Associação de Artesãos
Sempre-Viva, ela ficou sabendo da inscrição por meio do pessoal do Instituto de
Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Idene). "Quando recebi a notícia
fiquei numa extrema alegria, pois esperávamos há muito tempo a oportunidade de mostrar
nosso trabalho no exterior", conta. O artesanato do grupo tem na singeleza das sempre-
vivas o pilar da beleza, e por isso, o projeto desenvolvi, do na comunidade inicialmente
com o objetivo único de conservar espécies tem o mesmo nome da flor. Além dela, são
usadas ainda folhas, frutos, cascas, fibras de bananeira e palha de milho.
Todas são plantas nativas da região, cultivadas pelos artesãos. A associação tem parceria
com a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e cultiva um
viveiro de mudas da sempre-viva. "É um trabalho sustentável, porque não agredimos o meio
ambiente, com a consciência de que essas plantas devem ser preservadas. Além disso, é
uma tradição que passa de pai para filho", relata Juracy. Atualmente, o grupo conta com
29 artesãos e cerca de 60 pessoas que se beneficiam indiretamente do artesanato -
não confeccionam as peças, mas coletam as plantas.
com a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e cultiva um
viveiro de mudas da sempre-viva. "É um trabalho sustentável, porque não agredimos o meio
ambiente, com a consciência de que essas plantas devem ser preservadas. Além disso, é
uma tradição que passa de pai para filho", relata Juracy. Atualmente, o grupo conta com
29 artesãos e cerca de 60 pessoas que se beneficiam indiretamente do artesanato -
não confeccionam as peças, mas coletam as plantas.
A associação produz de 200 a 300 itens por mês, entre anjos, divinos, presépios, arranjos,
ímãs de geladeiras e flores de casca de urucum. Para a exposição na ONU, Juracy vai levar
uma luminária, uma guirlanda e um arranjo de mesa. A escolha foi feita a partir das peças
mais vendidas. "Estou deslumbrada. Nunca imaginei que isso pudesse ocorrer. Para mim
era só um sonho. Agora, vejo uma porta muito ampla que se abriu e vamos ver se, com
essa oportunidade, conseguimos exportar nossos produtos", diz ela.
ímãs de geladeiras e flores de casca de urucum. Para a exposição na ONU, Juracy vai levar
uma luminária, uma guirlanda e um arranjo de mesa. A escolha foi feita a partir das peças
mais vendidas. "Estou deslumbrada. Nunca imaginei que isso pudesse ocorrer. Para mim
era só um sonho. Agora, vejo uma porta muito ampla que se abriu e vamos ver se, com
essa oportunidade, conseguimos exportar nossos produtos", diz ela.
Em busca de apoio
As passagens das artesãs foram garantidas pela Secretaria de Estado de Cultura. O Centro
Cape busca agora apoio para outras despesas. A ideia é fazer essas mulheres descobrirem
também um pouco de Nova York, com direito a visitar museus e assistir a um show na
Broadway.
Cape busca agora apoio para outras despesas. A ideia é fazer essas mulheres descobrirem
também um pouco de Nova York, com direito a visitar museus e assistir a um show na
Broadway.
A exposição será aberta em 8 de setembro, com a presença de chefes de Estado.
O público em geral terá acesso a partir do dia seguinte. Além de artesanato, haverá
ainda exposição fotográfica e documentário sobre as mulheres que representarão o Brasil
diante do mundo.
O público em geral terá acesso a partir do dia seguinte. Além de artesanato, haverá
ainda exposição fotográfica e documentário sobre as mulheres que representarão o Brasil
diante do mundo.
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