Sessenta e sete cidades decretaram situação de
emergência. Em todo o ano passado, foram 125. A falta de água é tão
grave que, pela primeira vez, o racionamento atingiu os centros urbanos,
situação que era restrita às zonas rurais.
Espinosa e Monte Azul. Poeira, vento, prejuízo e desolação. Foi isso que sobrou no Norte de Minas ao fim do período chuvoso deste ano, que teve apenas um terço do volume previsto de precipitação (o esperado varia entre 200 mm e 300 mm).
Nos rostos dos moradores, está estampado o medo do que ainda está por vir, já que, oficialmente, a seca começa no fim deste mês, mas a estiagem já é considerada a pior dos últimos 40 anos.
Sessenta e sete cidades decretaram situação de emergência. Em todo o ano passado, foram 125. A falta de água é tão grave que, pela primeira vez, o racionamento atingiu os centros urbanos, situação que era restrita às zonas rurais.
Em Espinosa, 45% da população depende dos caminhões-pipa para ter água potável. Mas o abastecimento é falho, e as famílias chegam a ficar por duas semanas sem reposição.
Na última terça-feira, a dona de casa Maria de Lourdes Santos, 41, recebeu água depois de 15 dias. O caminhão, no entanto, estava com problema. "Só encheu o suficiente para dois dias. Já estou preocupada de novo", lamenta.
Na última semana, dona Maria de Lourdes recebeu o convite de uma amiga para ir a uma festa, mas teve que recusar. "Estava há dias sem banho. Também preciso ir à cidade para comprar mantimento, mas, sem banho, não vou", diz. Quando a necessidade aperta, ela recorre a um poço artesiano perto de casa, mas o que sai é água salgada. "A gente leva o baldinho e faz seis viagens para dar um pouquinho para cada", conta, envergonhada.
Há uma semana, o lavrador Antônio Carlos Souza Santana, 34, viajou até a casa da mãe, na Bahia, a 30 km de distância de Espinosa, com a mulher e os dois filhos para tomar banho. "Só tinha água salgada, que não dava para coar um café", afirma o morador.
Na zona rural do município, a água encanada vem de poços artesianos. Ela carrega um índice alto de calcário, muito concentrado no solo da região, e isso dá o gosto salgado, tornando-a imprópria para o consumo.
Segundo o secretário municipal de Agricultura de Espinosa, Alberto Muniz, os caminhões-pipa do Exército abastecem a população duas vezes por semana com 20 l por dia, por pessoa. "É comum ter problema na bomba dos veículos, o que gera atraso", afirma.
Racionamento.
Em Monte Azul, a comunidade urbana passa por uma crise inédita. A água só chega ao reservatório do município com o reforço diário de 80 caminhões-pipa. Mesmo assim, há racionamento: ela é distribuída das 6h às 18h, em dia sim, dia não.
A situação da cidade é a pior do Estado, segundo Daniel Antunes, chefe do departamento operacional Norte da Copasa.
Antunes explica que a barragem do Angical, conhecida como Tremendal, chegou a secar em fevereiro. "Estamos retirando água de poços artesianos e completando com o caminhão-pipa para levar até a nossa estação. Em seis meses, será inaugurada a ligação com a barragem José Custódio, que vai resolver o problema de forma definitiva".
A dona de casa Maria Alves Araújo, 80, tem comprado água para beber e cozinhar. "Nunca passamos por isso, e ainda vai piorar", conta.
Foto: Divulgação
Além das plantações, moradores da região assistem a morte do rebanho
Espinosa e Monte Azul. Poeira, vento, prejuízo e desolação. Foi isso que sobrou no Norte de Minas ao fim do período chuvoso deste ano, que teve apenas um terço do volume previsto de precipitação (o esperado varia entre 200 mm e 300 mm).
Nos rostos dos moradores, está estampado o medo do que ainda está por vir, já que, oficialmente, a seca começa no fim deste mês, mas a estiagem já é considerada a pior dos últimos 40 anos.
Sessenta e sete cidades decretaram situação de emergência. Em todo o ano passado, foram 125. A falta de água é tão grave que, pela primeira vez, o racionamento atingiu os centros urbanos, situação que era restrita às zonas rurais.
Em Espinosa, 45% da população depende dos caminhões-pipa para ter água potável. Mas o abastecimento é falho, e as famílias chegam a ficar por duas semanas sem reposição.
Na última terça-feira, a dona de casa Maria de Lourdes Santos, 41, recebeu água depois de 15 dias. O caminhão, no entanto, estava com problema. "Só encheu o suficiente para dois dias. Já estou preocupada de novo", lamenta.
Na última semana, dona Maria de Lourdes recebeu o convite de uma amiga para ir a uma festa, mas teve que recusar. "Estava há dias sem banho. Também preciso ir à cidade para comprar mantimento, mas, sem banho, não vou", diz. Quando a necessidade aperta, ela recorre a um poço artesiano perto de casa, mas o que sai é água salgada. "A gente leva o baldinho e faz seis viagens para dar um pouquinho para cada", conta, envergonhada.
Há uma semana, o lavrador Antônio Carlos Souza Santana, 34, viajou até a casa da mãe, na Bahia, a 30 km de distância de Espinosa, com a mulher e os dois filhos para tomar banho. "Só tinha água salgada, que não dava para coar um café", afirma o morador.
Na zona rural do município, a água encanada vem de poços artesianos. Ela carrega um índice alto de calcário, muito concentrado no solo da região, e isso dá o gosto salgado, tornando-a imprópria para o consumo.
Segundo o secretário municipal de Agricultura de Espinosa, Alberto Muniz, os caminhões-pipa do Exército abastecem a população duas vezes por semana com 20 l por dia, por pessoa. "É comum ter problema na bomba dos veículos, o que gera atraso", afirma.
Racionamento.
Em Monte Azul, a comunidade urbana passa por uma crise inédita. A água só chega ao reservatório do município com o reforço diário de 80 caminhões-pipa. Mesmo assim, há racionamento: ela é distribuída das 6h às 18h, em dia sim, dia não.
A situação da cidade é a pior do Estado, segundo Daniel Antunes, chefe do departamento operacional Norte da Copasa.
Antunes explica que a barragem do Angical, conhecida como Tremendal, chegou a secar em fevereiro. "Estamos retirando água de poços artesianos e completando com o caminhão-pipa para levar até a nossa estação. Em seis meses, será inaugurada a ligação com a barragem José Custódio, que vai resolver o problema de forma definitiva".
A dona de casa Maria Alves Araújo, 80, tem comprado água para beber e cozinhar. "Nunca passamos por isso, e ainda vai piorar", conta.
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