Itinga agradece o cumprimento de promessa presidencial, mas padece de outros problemas.
Uma das cabeceiras da estrutura está próxima ao bar de seu Clemente Miranda Filho, de 66 anos. Seu Kelé, como é conhecido na cidade, é homem de boa prosa e de muitas lembranças. Ele se recorda da época em que os moradores precisavam atravessar o leito em canoas de madeira ou nas balsas. “O melhor presente que Itinga recebeu foi a ponte”, garantiu o comerciante, que não abre mão de um retrato do papa João Paulo II em seu estabelecimento.
O que ele deseja, agora, é a reativação do hospital, que ainda conserva boa parte dos equipamentos. Os dois prédios que abrigaram a instituição de saúde, ambos de um andar, foram rodeados pelo mato. Em parte de um deles funciona o laboratório de análises clínicas da cidade. Três pessoas trabalham no local. Uma delas é o auxiliar de laboratório Eclésio Moreira, concursado na prefeitura e com contracheque de um salário mínimo. “Curso faculdade de análises clínicas em Teófilo Otoni (distante de 180 quilômetros de Itinga). O laboratório tem boa demanda, mas torço para a reativação do hospital”, deseja o rapaz.
Socorro
Na praça, principal cartão-postal do município, os xarás Geraldo Pereira Loyola, de 47, e Geraldo Ferreira da Silva, de 77, sonham com o dia em que vão presenciar a reativação do hospital, tal qual testemunharam a construção da ponte sobre o Rio Jequitinhonha.
“Quando o rio estava cheio, gastávamos, no barco, quase meia hora para chegar a outra banda da margem. A ponte foi muito bem vinda. Agora, a fonte de felicidade, se vier, será o hospital”, avalia o Geraldo mais velho.
O Geraldo mais novo tem opinião semelhante. Ele já precisou ser socorrido às pressas, depois de uma queda enquanto consertava o telhado, e ficou 18 dias internado no hospital em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri. “Ocorreu antes de o hospital ser aberto e, depois, fechado. Um hospital como o nosso, com os equipamentos que tem, pode ser referência na região. Quando precisei ser socorrido, fui de ambulância. Não havia a ponte. O carro foi colocado numa balsa”, recordam.
Do Estado de Minas, via Blog do Jequi
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