segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Devagar, devagarinho, mas ....chegando


Um ano jabuti

por Rudá Ricci
Balanço que faço após acompanhar o "day after" das eleições municipais: falta inteligência política no Brasil. Alguns afirmam que por culpa da ditadura militar, que ceifou as inteligências do país. Acredito que seja algo ainda pior, o que Boaventura Santos nomeou de fascismo societário. 
Este é meu desejo: mais inteligência política para o país ficar com mais humor e mais sério (tudo ao mesmo tempo, misturado). É muita bravata e autoritarismo. Falta feminilidade. Falta gratuidade (esta palavra é, hoje, quase sinônimo de fraqueza, não?)
Enfim, desejo um ano jabuti. Da tradição oral do folclore brasileiro, lembrado pelo meu amigo Luis Bassoli, de Teófilo Otoni. 

A história relata uma corrida entre um jabuti e um veado, este último o animal mais veloz da floresta. Assim como na fábula de La Fontaine (a antropologia estruturalista me persegue!), a inteligência vence os poderes físicos do concorrente. 

Postados em diversos pontos do trajeto da corrida, jabutis parentes do corredor, aguardavam o veado passar. A cada momento, o veado perguntava sobre seu adversário e ouvia de um jabuti (parente do corredor) logo ao seu lado: "estou aqui!". 

O veado aumentava a velocidade e, mais à frente, perguntava outra vez, ouvindo sempre a mesma resposta de um outro jabuti. 

E, assim, sucessivamente, até que o veado caiu morto. 

Postado por Rudá Ricci, no Blog De Esquerda em Esquerda

Rudá Ricci é cientista político, sociólogo e diretor geral do Instituto Cultiva. Professor da PUC-MG, é autor de vários livros sobre Democracia Participativa. É paulista. Mora há 20 anos em BH.

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