Rudá Ricci, cientista político
Talvez a maioria dos analistas políticos desconheça que as derrapadas morais, de cunho pessoal, afetem mais os petistas históricos, em especial, aqueles oriundos de movimentos sociais de base e da igreja católica, que os erros políticos. A conduta pessoal foi a pedra de toque na origem do PT. Pedir favor pessoal a um parlamentar era algo merecedor de punição na comissão de ética dos diretórios locais. Havia algo de "homem novo" ou de conduta exemplar para construção de um país fundado na ética e na ação coletiva.
Ontem, reunido com várias lideranças católicas do Estado de São Paulo (ver foto que ilustra esta nota, com Padre Ticão, o maior incentivador das lutas sociais da capital paulista, encostado na janela) na zona leste da capital paulista, o constrangimento com o caso Rosemary era evidente. Muitos não eram petistas, mas era inegável que depositaram esperanças nos governos petistas. Interessante que o constrangimento parece não afetar o perfil dos políticos petistas não envolvidos com este caso. Um sentimento de ressignação ou reserva que não chega a gerar forte censura. Possivelmente em virtude de laços históricos ou até mesmo comparação com lideranças de outros partidos.
O fato é que situações como esta, que geram alto constrangimento, aceleram iniciativas independentes de formação de lideranças sociais, projetos e ação.
Padre Ticão, ontem, dizia ao final que a partir da virada da meia-noite do final do ano, quando se inicia 2013, começa a marcação homem-a-homem sobre Fernando Haddad. Citou, de cabeça, a promessa de criação de 50 mil casas populares, o que significa 13 mil casas por ano, 1.080 casas por mês, 36 casas por dia. E continuou citando as promessas, as metas e a cobrança.
O homem e ação pública correta, sem quedas morais, parece restrita a partir de agora, aos líderes sociais não vinculados a partidos. A partir daí, surge uma zona de proximidade, com políticos profissionais de partidos que geram simpatia, com o PT ainda numa vantajosa dianteira. Mas escândalos como o do affair de Lula, apartam ainda mais a identidade política que nos anos 1980 era evidente. Não se tratava, naquele período, de aliança, mas de um projeto construído pelas lideranças de base. Hoje, é cada vez mais uma aliança pontual, desconfiada.
Publicado por Rudá Ricci, em seu Blog
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