domingo, 14 de outubro de 2012

Senador Eduardo Suplicy defende José Genoíno


Suplicy lê carta de filha de Genoíno



Não posto este vídeo apenas por ser uma bela lição de companheirismo. Assim deveria ser, sempre, a postura de quem é amigo, companheiro. Não se nega a se expor, mesmo quando batem bumbo contra seus amigos.
Meu objetivo é outro. Suplicy é uma incógnita para mim. Um outsider no mundo da política que deu certo. Que, de tempos em tempos, surpreende, mesmo quando já sabemos que ele é assim mesmo.
Tive um rápido contato mais próximo com este personagem, quando coordenei, por um pequeno período, a campanha de Plínio de Arruda Sampaio para o governo paulista. Algumas vezes, nos encontramos. Mais especialmente, numa viagem para Ribeirão Preto e região. Em determinado momento, abastecemos o carro num posto próximo de Ribeirão. Um frio de lascar. Suplicy sai do carro e fica em pé, ao lado da bomba de gasolina. Lá dentro, no restaurante do posto, começou uma pequena aglomeração. O inusitado é que vi um casal se dirigindo à porta de saída deste restaurante. De repente, a mulher aponta para a direção de Suplicy e fala algo que, obviamente, não ouvimos. Aperta o passo e se esquece da porta de vidro, batendo sua cabeça. Deve ter doído, mas ela continuou apontando. Suplicy entra no carro e partimos.
No ano anterior, eu fazia parte do governo Erundina, no alto dos meus 27 anos. Fomos inaugurar, com a Prefeita, o início das obras de reforma da marginal. Alguns poucos jornalistas estavam lá. Erundina fez um breve discurso e foi embora. Suplicy, que sempre acompanhava estes eventos, estava lá e ficou. Nós, do governo (obras e administração regional), ficamos acertando alguns detalhes e estranhamos a permanência de Suplicy, aparentemente sem nada para fazer. Até que chegou um batalhão de jornalistas. O senador não teve dúvidas: pegou uma das picaretas ali ao lado e fez gestos como se estivesse começando a obra. Adivinha quem saiu nas fotos do dia seguinte?
Suplicy sempre foi assim. Como candidato a prefeito de São Paulo, quase me matou do coração. Naquele debate fatídico, quando retirou papéis, tartarugas, vidros com areia de sua pasta/cartola, pensei que o teto estava desabando sobre nossas cabeças. Era a época do "Perfeito, Suplicy Prefeito".
Eu nunca consegui entender Suplicy e acho que o PT também. Ele é, sozinho, um partido. Talvez, seja um anti-partido. Mas, sempre adorável. Estranhamente adorável.
Alguns militantes atacam o judiciário e falam em ações de desagravo, principalmente para defender Zé Dirceu.
Mas Suplicy faz diferente. Lê a carta da filha de Genoino. Tem algo de humano e estranho neste gesto. Escolhe um personagem importante, mas menos midiático desta história toda. E não fala dele. Dá a voz à filha. Por linhas tortas, demonstra que entende mais o Brasil e o ser humano que os militantes.
Publicado no Blog do Rudá Ricci

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