Coordenadoria Estadual de Defesa Civil já entregou 815 toneladas de alimentos e mantém distribuição de água por meio de caminhões-pipa
Governo de Minas só atua em ações emergenciais: carros-pipa e cesta básicas. Não investe em infra-estrutura, nem facilita liberação de créditos para agricultura familiar.
Pedro Ricardo, da Agência Minas
Por meio da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), o Governo de Minas está intensificando os contatos com as prefeituras da região dos Vales do Jequitinhonha, Mucuri e Norte de Minas. O objetivo é orientar técnicos e prefeitos quanto à regularização de documentos, para que a população dos municípios mais atingidos pela seca possa receber ajuda humanitária disponibilizada pelo Estado, em virtude do longo período de estiagem.
De 122 municípios que já decretaram situação de emergência, 79 estão sendo atendidos pelo Governo do Estado, que disponibilizou 152 caminhões pipa para transporte de água.
De março a setembro, 815 toneladas de alimentos também foram entregues a famílias de baixa renda.
Prefeituras de municípios onde os decretos de emergência já tiveram prazo de vigência esgotado estão sendo acionadas para regularizar a situação. Isto porque, por exigência legal, somente os municípios com decretos de emergência em vigor e reconhecidos pelo Governo Federal têm condições de solicitar ajuda humanitária, seja para a distribuição de água ou de cestas básicas de alimentos.
A água é um líquido precioso que mulheres buscam a 2 ou 3 km nos córregos, cacimbas ou carros-pipa.
O chefe do Gabinete Militar do Governo do Estado e coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Luiz Carlos Dias Martins, ressalta que, por determinação do governador Antonio Anastasia, todas as providências estão sendo tomadas para que as prefeituras tenham condições de receber ajuda humanitária para as famílias que sofrem os problemas causados pela seca. Para reforçar o serviço de distribuição de água, o Governo de Minas encerrou o mês de setembro com a distribuição de 74 mil galões de água na região.
Por outro lado, entre março e setembro deste ano, a Defesa Civil já distribuiu 50.900 cestas básicas, cada uma com 16 quilos de alimentos. Os mantimentos estão sendo distribuídos pela Cedec na sede do 10º Batalhão da Polícia Militar, em Montes Claros.
Com o objetivo de dar suporte aos serviços de distribuição de água através dos caminhões pipa, este ano a Cedec já disponibilizou 88 cisternas para comunidades localizadas em regiões mais distantes das sedes dos municípios.
Para outubro, há a previsão de que sejam entregues outras 1.243 cisternas, cada uma com capacidade para armazenar 8 mil litros de água. A entrega das cisternas será iniciada assim que elas forem entregues ao Governo de Minas pela empresa vencedora de licitação.
O coronel Luiz Carlos Martins assegura que todos os municípios que estiverem em situação de dificuldade por causa da seca e que estejam com os decretos de emergência regularizados serão atendidos com ajuda humanitária.
A ação do Estado acontece de maneira complementar à das prefeituras. Para isso, o Plano Seca 2012, lançado em abril sob a coordenação da Cedec, prevê investimentos da ordem de R$ 11 milhões.
Novas barragens complementam ações emergenciais
Além de ações emergenciais de apoio às famílias mais atingidas pela seca, até o final deste ano o Governo de Minas pretende concluir a construção de 22 novas barragens e 320 bacias de captação de água das chuvas na região dos Vales do Jequitinhonha, Mucuri e Norte de Minas. O objetivo é dotar o semiárido mineiro de melhor infraestrutura hídrica, para que a população tenha condições de conviver com os longos períodos de estiagem que todos os anos assolam essas regiões.
Em 2012, já foram construídas 16 barragens e 209 bacias de captação de água em dez municípios: Chapada do Norte, Grão Mogol, Padre Paraíso e Taiobeiras, no Vale do Jequitinhonha; Fronteira dos Vales, no Mucuri; e Coração de Jesus, Indaiabira, Mirabela, Rio Pardo de Minas, Santo Antônio do Retiro e Taiobeiras, no norte de Minas. A estimativa é de que as obras tenham beneficiado 1.069 famílias.
Até o final deste ano, a Fundação Rural Mineira (Ruralminas) prevê a construção de mais seis barragens e 111 bacias de captação de água das chuvas. Cada barragem poderá atingir um espelho d’água com área de até cinco hectares.
Fonte: Agência Minas, do Governo estadual
Comentário:
Todo ano é a mesma coisa. O governo de Minas insiste em atuar no norte de Minas, Vale do Jequitinhonha e Mucuri concentrando seus esforços somente em ações emergenciais. E sabe que todo ano a seca ataca com mais força. Algumas poucas ações acontecem com construções de barragens da Ruralminas que mais atende a grandes produtores que possuem mais condições de enfrentar o fenômeno da seca com créditos subsidiados do BDMG e Banco do Nordeste.
Veja video abaixo:
Seca no vale do Jequitinhonha (MG) - Jornal Nacional 19-09-2011
Veja video abaixo:
Seca no vale do Jequitinhonha (MG) - Jornal Nacional 19-09-2011
Os agricultores familiares são os beneficiários de cestas básicas e caminhões-pipa que abastecem suas residências para consumo doméstico. E assim mesmo, de forma insuficiente. Em época de seca, as famílias de pequenas comunidades rurais ficam proibidas de tomar banho diariamente. A água disponível só dá para a limpeza da casa e confecção do dicumê.
Se não fossem os benefícios financeiros do Programa Bolsa-Família, tão combatido pelo Governo Estadual , as famílias estariam saqueando supermercados e batendo nas portas das prefeituras para pedirem socorro para se manterem vivos.
Não é citado uma ação da Copanor que foi tirada da costela da Copasa para atender as comunidades pobres das pobres regiões de Minas. Há investimentos tímidos nesta estatal. E quando atua é cobrando serviços quando eles não são prestados, como acontece na cidade de Comercinho, em povoados e em algumas comunidades rurais.
Não há uma política efetiva e permanente de investimentos na infra-estrutura e no financiamento da agricultura familiar. Há poucos serviços simplificados de abastecimento de água, não se incentiva a construção de barraginhas e de tecnologias sócio-econômicas apropriadas à economia solidária ou de pequena escala.
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