domingo, 19 de fevereiro de 2012
Minas não consegue tirar investimentos do papel
Minas não consegue tirar
investimentos do papel
O jornal O Tempo publica matéria que reproduzo abaixo revelando que o discurso
governamental de investimentos mineiros não tem base na realidade. Foram 162
protocolos assinados entre governo estadual e empresas que não se efetivaram ou
estão dando passos de cágado.
Esta matéria é particularmente importante por dois motivos: a) a grande imprensa não
consegue cobrir, com a mesma eficiência, os investimentos estaduais como o faz em
relação aos investimentos federais (como no caso da Copa de Futebol); b) durante toda
gestão Aécio Neves, a grande imprensa paulista e carioca comprou o discurso de
investimentos, saneamento de contas públicas e excelência na área social (como na educação)
como sendo verdadeiro. Agora mais independente, é a própria imprensa mineira que revela as
barrigadas dos seus colegas de Estados vizinhos.
De boas intenções, o Estado de Minas Gerais está cheio
Burocracia, licença ambiental, crise e captação de
recursos atrasam os planos
Publicado no Jornal OTEMPO em 05/02/2012 HELENICE LAGUARDIA
O governo de Minas Gerais assinou, no ano passado, 162 protocolos de intenções com
empresas com planos de investimentos somados da ordem de R$ 28,38 bilhões, com a geração
de 44,1 mil empregos diretos e 96 mil indiretos. Mas, do papel para a prática, nenhum deles saiu efetivamente e as cifras aplicadas ainda são mínimas. As construções ou estão na fase de
terraplanagem, ou seus projetos aguardam a liberação de licença ambiental pelo Estado, ou o
terreno para abrigar uma nova fábrica ainda nem existe. Há também projetos que só estão no
documento assinado com o governo.
O Estado dá sua versão sobre o cronograma não cumprido. "Dentre as principais causas estão
fatores conjunturais, como a decisão de postergar ou não o investimento por parte do
empreendedor, licenças ambientais, disponibilidade de capital, crises econômicas sistêmicas",
admitiu por nota o Instituto de Desenvolvimento Integrado (Indi), órgão vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico.
Por isso, as estimativas do Indi são de um prazo de um a cerca de cinco anos, dependendo do
porte da empresa, para o projeto entrar efetivamente em operação. "Caso da VSB (Vallourec & Sumitomo Tubos do Brasil), cuja implantação ultrapassou os quatro anos", lembrou o Indi, em
nota, referindo-se ao complexo siderúrgico instalado em Jeceaba, em área de 2,5 milhões de metros
quadrados e com investimento de R$ 5 bilhões. A obra foi inaugurada somente no fim do ano
passado, mas foi anunciada em 2007.
Se a lentidão dos processos é uma realidade em Minas Gerais, o diretor da Vale, Marcelo
Guimarães Fenelon, vai ter que esperar bastante para consolidar o projeto da mineradora no Norte
de Minas, local que considera "a porta de entrada para uma nova fronteira da mineração", como ele
disse durante a assinatura do protocolo com o governo de Minas, em junho de 2011. A mina, com reserva estimada de 20 bilhões de toneladas, ainda está em estudo e sem licenciamento ambiental, informou a mineradora.
A morosidade pode atingir também os planos do bilionário Eike Batista, que veio a Belo Horizonte,
em julho do ano passado, para assinar com o governador Antonio Anastasia um protocolo de
expansão da unidade Serra Azul da MMX, empresa de minério de ferro do magnata, no Quadrilátero Ferrífero.
A previsão da MMX é que a nova planta esteja em operação até 2014, sendo que R$ 700 milhões
do investimento total de R$ 4 bilhões já foram feitos em equipamentos e serviços para o projeto. Mas
ele patina na burocracia da Licença de Instalação (LI). "As contratações dos profissionais que atuarão nas obras serão feitas após a obtenção da LI", informou a MMX. Procurada, a Secretaria de Estado
do Meio Ambiente não falou sobre a tramitação dos licenciamentos no órgão.
Quando a Alpargatas, dona das sandálias Havaianas, assinou o protocolo com o governo de Minas
para instalar uma fábrica em Montes Claros, os planos eram iniciar a construção em setembro do
ano passado. Mas a doação do terreno saiu apenas no fim de dezembro.
O presidente da Alpargatas, Márcio Utsh, disse que a construção da nova unidade está na fase
de terraplanagem do terreno. "O início da sua operação deve acontecer no segundo semestre de
2012. A nova unidade fabril da Alpargatas vai gerar mais 2.200 empregos", disse sobre o investimento
de R$ 200 milhões nos próximos quatro anos.
Postado pelo professor e cientista político Rudá Ricci, em seu Blog
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