Araçuaí: Trabalhadores continuam indo para corte de cana em São Paulo
Nos meses de março e abril, milhares de trabalhadores rurais do Vale do Jequitinhonha protagonizam a saga das migrações sazonais. Milhares deles deixam a região rumo as usinas de cana de açúcar, principalmente, do estado de São Paulo.Esta cena se repete a cada ano. E a cada ano, também, aumenta o número de trabalhadores, principalmente, jovens que são obrigados a deixar a região rumo as lavouras de cana de açúcar dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Goiás.
A migração sazonal que ocorre nos meses de março e abril escancara um problema grave de todo o Vale do Jequitinhonha que é falta de postos de trabalho e iniciativas empreendedoras que possam gerar renda aqui na região.
Muitos trabalhadores se vêem obrigados deixar a família para conseguir renda em São Paulo. O Jequitinhonha é uma das regiões do país apontadas como exportadora de mão de obra barata. A principal causa é a falta de postos de trabalho, formação profissional e iniciativas empreendedoras aqui mesmo na região.
Num passado recente os trabalhadores rurais eram explorados e não tinham seus direitos garantidos quando iam trabalhar, principalmente nas lavouras de cana de açúcar. Alguns migrantes eram sujeitados, inclusive, ao trabalho escravo. Com o passar dos anos e a organização dos trabalhadores rurais a situação foi melhorando. Um dos fatores que contribuiu para isso, foi a contratação dos migrantes aqui mesmo na região com o acompanhamento de órgãos do governo e do ministério do trabalho.
Somente na última semana, em Araçuaí, mais de mil trabalhadores iniciaram o processo de contratação com a realização de exames, verificação da ficha criminal e preenchimento de todos os papes necessários.
Durante os meses de março e abril são fichadas cerca de 5000 pessoas oriundas dos municípios do Médio Vale. Com isso, o trabalhador já sai daqui com a carteira assinada. Muitos vêem nesta oportunidade a única forma de trabalho e não sabem o que vão fazer se o corte de cana acabar.
A contratação de mão de obra do Vale do Jequitinhonha pode estar com os dias contados. Daqui a cerca de quatro anos vai ser encerrado o corte de cana manual.
Hoje, os bóias-frias ainda são responsáveis por metade da colheita e o trabalho é duro. Um cortador chega a dar 10 mil golpes de facão por dia. Em média, cada um colhe 10 toneladas de cana em uma jornada de trabalho de sete horas. Já uma máquina colhe até cem vezes mais, cerca de 800 toneladas.
Mesmo assim, o setor ainda emprega 140 mil cortadores.
Fonte: TV ARAÇUAÍ . com o repórter André Sá.
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