A arapuca do debate da Globo.
O problema é a edição Serra vai trazer San Genaro e entregar aos filhos do Roberto Marinho
Os debates na televisão brasileira são irrelevantes – para dizer pouco. E por que ?
Porque os partidos e os candidatos nao confiam na imprensa brasileira e não deixaram jornalistas fazer peguntas, com direito a follow-up.
Candidato não sabe fazer pergunta. Candidato faz pergunta para responder ele mesmo, na volta.
Quem sabe fazer pergunta é jornalista isento, sério. Desde que ele tenha o direito a fazer a pergunta seguinte à resposta.
Não adianta um jornalista perguntar sobre a maracutaia da concorrência do metrô de São Paulo e o Serra responder sobre Nossa Senhora da Aparecida.
O jornalista tem que ter o direito de ir para a réplica, o follow up: mas, pera ai, santinho do pau oco … a pergunta era sobre a carta marcada da concorrência do metrô que o senhor administrou.
Hoje, no Brasil, realizou-se a proeza de tirar o jornalista do jornalismo. Porque os jornalistas do PiG (*) não prestam.
Para evitar desgaste, os partidos e candidatos desidrataram o debate.
Sobra a edição do debate. E aí a Globo é imbativel. Numa boa mesa de edição, a Globo já mudou o rumo de duas eleições, a partir de debates.
O mais recente foi em 2006, quando o Ali kamel produziu sua “finest hour”: levou a eleição para o segundo turno do Lula contra o Alckmin, ao mostrar o dinheiro dos aloprados e a cadeira do Lula vazia no debate da Globo.
Ele conseguiu passar a ideia de que o Lula tinha fugido do dinheiro dos aloprados. Clique aqui para ler “O primeiro golpe já houve. Falta o segundo”.
É bom não esquecer que o dinheiro dos aloprados nasce das ambulâncias superfaturadas no Ministério da Saúde do Serra, que tinha o Marcelo Lunus Itagiba e o Barjas Negri – gente finíssima.
E que, no segundo turno, o Alckmin teve menos votos do que no primeiro – uma das proezas do marqueteiro do Serra.
O outro debate que a Globo manipulou foi em 1989, quando Lula e Collor se enfrentaram na véspera da eleição do segundo turno.
Sem direito, como agora, a uma réplica no horário eleitoral gratuito. (Como é que a Dilma foi cair nessa ?) O Dr Roberto mandou editar o debate de forma muito precisa: tudo de bom do Collor e tudo de ruim do Lula.
E assim fez a Globo. Logo em seguida ao resumo do debate – o ruim do Lula e o bom do Collor – , na histórica edição do jornal nacional, Alexandre Maluf Garcia leu um editorial em que dava a entender que votar no Collo significava preservar a jovem democracia de um sapo barbudo furioso.
Está na hora de se livrar do monopólio das pesquisas. E da Globo.
No enterro do Néstor Kirchner, o presidente Lula podia trazer de volta no avião, para dar uma lida, uma cópia da Ley de Medios. E ver o que Néstor e Cristina fizeram com o Clarín, que mandava na Argenina muitas vezes menos do que a Globo manda no Brasil.
Quando for melancolicamente para casa no dia 1º de novembro, Serra não descansará.
Montado na UDN de São Paulo e na garupa do PiG (*), Serra vai liderar a campanha do impeachment do Dilma.
A partir do dia 1º. Seu grande aliado nessa eleição, um quadro que honra a campanha udenista, Roberto Jefferson, já avisou: vai jorrar sangue.
Se depender do Serra, a partir de 1º de novembro, jorrará muito sangue. Ele será capaz de ir a Nápoles e ver como jorra sangue de San Genaro.
Serra travará uma Guerra “Santa” movida pelo ódio. Ele não descansará. Até mandar a mulher para um convento em Lourdes.
Paulo Henrique Amorim, no Conversa Afiada
Amorim é jornalista da Rede Record, tendo atuado por muitos anos na TV Globo.
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
Segundo Amorim, fazem parte do PIG as Organanizações Globo, Revista Veja, Folha de S.Paulo, Estado de São Paulo, SBT, Band, RBS, Diários Associados e seguidores desse conglomerado.
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