Carnavais de rua, tempos atrás
É o frevo, é o trio, é o povo
Minas Novas, no Alto Jequitinhonha
Eu não posso dizer que os carnavais antigos eram melhores que os de agora. Cada geração tem a mania de valorizar as festas que cada uma vivenciou como as melhores.
Sou do tempo quando os carnavais de salão esvaziavam, e o efervescente carnaval do trio elétrico de Dodô, Armandinho e Osmar pegava fogo nas ruas de Salvador e o frevo tomava conta das ruas de Recife/Olinda, em Pernambuco, e se espalhava pelo Brasil. Como o axé faz hoje.
Nós, jovens irreverentes, vivíamos a alegria de desafiar os generais no governo ditador.
Todos os anos surgia um frevo novo. Frevo baiano, numa mistura de frevo pernambucano, marchinha carioca e funk: Atrás do Trio Elétrico, do Caetano Veloso; Pombo Correio, Vassourinha Elétrica, Coisa Acesa e Bloco do Prazer, de Morais Moreira; Diabo Louro, com Alceu Valença; Festa do Interior, com Gal Costa. Os baianos faziam a folia em trios elétricos, antes do abadá e do axé.
Ouça aqui vassourinhaelétrica; ou atrasdotrioelétrico ou pombocorreio e festadointerior
“Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu...”
Em Minas Novas, formamos o Bloco Patota, em 75. Montamos na caminhonete do comerciante Embrava e saímos batendo lata pelas ruas da cidade. Se não tinha porta-bandeira, as filhas de Darão arrumaram uma pá de assar biscoito e enfeitaram formando uma bandeira do Bloco. Não tinha porta-bandeira, lá vai Banu vestido de havaiana como porta-estandarte.
Olha o hino:
“Que bloco é esse que acabou de chegar/
é a Patota tá botando pra quebrar/
Que bloco é esse que acabou de chegar/
é a Patot䁡 ta botando pra quebrar/
Quem quiser entrar na nossa
dê um sorriso e um chute na fossa/
Nosso bloco é informal/
Venha conosco brincar o Carnaval.
É fogo, é fogo , é fogo
Ninguém aqui desmente
Estamos todos numa jogada diferente”.
A música e letra surgiram em poucas horas das veias poéticas de Dalton e Carlos Mota, o Carlos de Zé de Durval.
Pra quem não sabe, patota é o mesmo que galera, tribo, hoje.
Vocês imaginam este misto de frevo e marchinha com a animação de jovens foliões vestidos de baianas, piratas da perna-de-pau, onças, homem da caverna, bruxas, dondocas, generais de mil estrelas, ciganas, indianas, vaqueiros, homens com fraldas, valetes, colombinas, pierrot, coveiros e tantas vestimentas fantasiosas.
O bloco saiu arrastando gente, tirando as moças do Clube – hoje, Câmara Municipal -, carregando alegrias com todo o povo. Sem abadás, sem crachás.
Esse movimento continuou nos anos seguintes, em um caminhão. Em 81, a Prefeitura assumiu o trio elétrico. E cada dia cresceu mais, eletrizou mais o carnaval.
Pois é, uma parte desta turma convida os ainda animados, apaixonados pelo carnaval com música, danças e fantasia.
Com rebolation sim, mas sem bate-estaca, pulando, dançando e cantando, com ou sem sombrinha de frevo.
Amanhã, às 19 horas, a turma da patota e meninos que acompanhavam o bloco, correndo atrás extasiados, crescidinhos hoje, como Zé de Tristão, Flávia Mota, Deyse Silveira e outros convidam todos e todas, para se alegrarem no Carnaval de Minas Novas.
Olha o convite:
“Por isso, estamos convocando você Folião, de todas as idades (de zero a duzentos anos!) para uma Grande Concentração em frente ao Mercado, no Sábado, 13 de fevereiro, às 19:00 horas, e daí sairmos pelos becos, ruas e praças da cidade: brincando, pulando, dançando e tudo que a nossa energia permitir. Mexa-se! Revire o seu baú e pegue aquela fantasia antiga, que você achava que nem fosse mais usar!....Ou crie uma nova fantasia! Use a imaginação....Vale qualquer coisa: Pirata, Colombina, Astronauta, Bin Laden, Homem-Aranha, Pierrot, O Incrível Hulck,
SÓ NÃO VALE ESQUECER A SUA ALEGRIA E A SUA ANIMAÇÃO!!!!!!!!“TÔ TE ESPERANDO NA PRAÇA SÓ PRÁ CURTIR, PRÁ VADIAR,ENQUANTO O TRIO NÃO VEM, VOU ATRÁS DA BANDA PULAR!”
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