domingo, 18 de agosto de 2019

Falece Marina Jardim, artista plástica do Vale do Jequitinhonha


A artista plástica Marina Jardim faleceu, aos 57 anos, no sábado, dia 17.08.19, em Belo Horizonte. Natural de Rubim, no Vale do Jequitinhonha, Marina vivia há cerca de 39 anos, em Belo Horizonte. Ela teve dois filhos, Naiara e Davi, com Rubinho do Vale, com quem foi casada.

Manifestações pelas redes sociais
Vários amigos de Marina Jardim se manifestaram pelas redes sociais o pesar pelo seu falecimento. A palavra mais registrada foi de que Marina ficou encantada e deixa grande obra de criação artística que a torna eterna como pessoa e como artista plástica. 


Rubinho Do Vale, cantor e compositor
Um dia triste. Marina Jardim, Marina Ferraz Botelho Jardim se 
encantou hoje. Uma grande artista do Vale do Jequitinhonha, de Rubim, minha ex-companheira, mãe dos meus filhos Davi e Naiara e vó de Helena. Uma genial artista plástica que estava construindo uma bonita carreira. Que Deus, na sua infinita bondade e amor, receba Marina na Luz e na Paz. Grato aos amigos e amigas pelas manifestações de pesar e solidariedade neste momento de dor da família.
Paulinho Hugo Morais Sobrinho
Paulinho Pedra Azul - cantor, compositor, poeta e pintor.
Minha amiga MARINA partiu pra outro JARDIM!...PPAzul.

Heitor De Pedra Azul, cantor e compositor
As tuas côres são flôres da eterna idade. Tu voas. No teu vôo as nossas faíscas de saudades nos faz infinitar , mais ainda, o teu brilho. Somos, sim, filhos do Sertão. Ser tão filho assim nos guiaremos pela Luz desse céu sem limite. Agradecemos e , aproveito para deixar muitos beijos, carinhos e tudo de ótimo nessa tua viagem. Vá lá e pinte os sonhos que nos ainda desconhecemos. Beijos. Heitor de Pedra Azul e de todos nós, Sertanejos do Jequitinhonha e do mundo.
Tadeu Martins SoaresGonzaga MedeirosRubinho Do ValeJoão Muniz,Gaia Chaves MunizPaulinho Hugo Morais Sobrinho.



Pintura " Abraçando a lua"
Marina Jardim e o poeta Gonzaga Medeiros.
Gonzaga Medeiros, poeta do Vale do Jequitinhonha
Nosso doloroso adeus à artista plástica Marina Jardim, a que nos pintou e nos rebocou, com amor e alegria! Depois de uns 15 dias hospitalizada, faleceu hoje bem cedo. 
Marina viverá para sempre, nos pintando e nos rebocando!

Feira de Araçuaí 


Solange e Tadeu Martins, casal compadre, pintado por Marina Jardim

VIVA MARINA JARDIM!!!
Tadeu Martins, poeta, cordelista, contador de causos e promotor de eventos 
A emoção tomou conta de todos nós no último adeus à nossa querida artista Marina Jardim. 
Marina, minha bi-comadre, madrinha de batismo dos meus dois filhos. Amiga que dividiu com a minha família muitos momentos marcantes, alegres ou tristes, sempre carregando o largo sorriso e um coração maior que o peito. Marina das tintas, dos pincéis e dos sonhos. Da arte engajada em defesa da sua terra e do seu povo. Marina de Rubim, do Vale do Jequitinhonha, que retratou o seu povo em maravilhosas telas, sempre costurando com os poetas uma obra literária-visual nos LPs, nos CDs, DVDs e nos livros. Marina menina que nos deixa órfãos das suas cores vivas e marcantes e do seu talento, da sua bondade e do seu sorriso, que nos ajudava a acreditar em tempos melhores.
Olhem mais para o céu a partir de amanhã. Ele estará mais colorido, mais vibrante em uma profusão de cores, no amanhecer, no pôr do sol e nas noites estreladas. Deus escalou Marina para plantar o seu jardim no firmamento. Até o arco-íris ficará mais belo com as tintas e cores da mestra Marina Jardim.
Adeus comadre. O Jequitinhonha fica mais triste sem você.
Eu e a Solange sempre enxergaremos você neste retrato que nos deu de presente e nas suas obras em nossa casa.

O poeta Cláudio Bento, retratado por Marina


MARINA JARDIM
Cláudio Bento, poeta e produtor cultural
Marina Jardim
Reinventa
As festas populares
E os folguedos
Do interior de Minas

Pinta com as cores da beleza
Os bois de janeiro
E as folias de reis
Com os pincéis pincela as
Festas do Rosário Dos homens Pretos
Reza com a fé dos fiéis
As quermesses
Do Brasil mais que profundo
Dança nas festas de São João
Em terreiros de bandeirolas coloridas
Canta ao som das marujadas
E dos candomblés
Marina Jardim
Tece sua arte plena de brasilidade
E torna
O mundo mais belo
Cláudio Bento
Deyse Magalhães e Marina Jardim 

Deyse Magalhães, poetisa, promotora de eventos, filósofa de Minas Novas
LUTO
A cultura do Vale do Jequitinhonha perdeu hoje uma das mais talentosas artistas plásticas, MARINA JARDIM. Uma amiga querida, cheia de luz e alegrias. Deixa retratada em sua obra a infância de cirandas, boi de janeiro, aviõezinhos de papel, cultura popular e muito mais.
Vá na luz de Deus! O céu está em cores.

História de vida dedicada à arte
Marina Jardim nasceu em Rubim, no Vale do Jequitinhonha, nordeste de Minas, região de extrema riqueza cultural. Nasceu na roça, onde passou sua infância. Mudou-se pra cidade para estudar, e  para Belo Horizonte, aos 16 anos, para continuar os estudos. Autodidata, a artista pintava desde os 10 anos, sempre inspirada pela cultura popular de sua terra natal. Suas obras trazem suas memórias de infância, as brincadeiras, danças, folguedos, festas religiosas e brinquedos como peão, cata-vento, barquinho, bambolê, ioiô, etc.
A natureza, a energia da cultura popular e a infância mágica no Vale do Jequitinhonha são algumas das inspirações que nortearam o trabalho de Marina Jardim. O Vale, como era chamado por ela, não é apenas um limite geográfico. É também uma região espiritual que ofereceu a Marina o suprassumo da existência simples e genuína.

São telas carregadas de vida, emoção e movimentos da cultura popular como o Boi de Janeiro, as brincadeiras da infância, os tambores, o céu e a atmosfera sertaneja, tomados por memórias afetivas, energia e cores brasileiras.
A cor só existe pela incidência do sol nos corpos e objetos, mas o amarelo desse astro também contamina a terra árida, os indivíduos que dançam e a lua que se despede no fim do dia. O trabalho de Marina Jardim é um convite às pessoas para adentrar no essencial e idílico da existência do Vale do Jequitinhonha.
Como artista plástica, Marina Jardim passou pelo crivo de Maristela Tristão, outros artistas e críticos de renome.
O pião foi o brinquedo de grande presença nos quadros de Marina Jardim que dizia que o brinquedo infantil simbolizava a vida em movimento.

A artista apresentou suas obras ao público desde 1980, somando no total 22 exposições, entre trabalhos individuais e coletivos: Marina Jardim, no Salão da Turminas (1980); Paisagens do Jequitinhonha (1982), Encantos da Natureza (1995), Reminiscências da Infância (1997), Exposição Coletiva na Casa de Cultura de Contagem/MG (1997), Exposição Individual (Ilhéus/BA, 1998), Exposição Individual (1998), Exposição Individual na Casa de Cultura de Sete Lagoas (1999), O Circo de Minha infância (Belo Horizonte/MG, 2001), Exposição Individual no Bar e Café Arrumação (2002),Cores da Cultura Popular (Belo Horizonte, 2003), Exposição Individual na Biblioteca Pública Luiz de Bessa (Belo Horizonte, 2004), Exposição Individual na Galeria do Minas Tênis Clube (Belo Horizonte, 2005), 

Exposição Individual na Galeria Onze (Belo Horizonte, 2007), Exposição Individual na Galerart/Sesc (Belo Horizonte, 2010), Exposição Individual no IBS Espaço Cultural (Belo Horizonte, 2011), Exposição Coletiva Arte Cidadã, da Câmara dos Deputados (Brasília, 2011), Exposição Individual (Rubim/MG, 2011), Exposição Individual na Galeria de Arte Gustavo Capanema – Assembleia Legislativa de Minas Gerais (Belo Horizonte, 2013), Exposição Individual na Universidade de São Caetano do Sul/SP (2013). Cores do Vale, uma Brasil grande ( São Paulo, Centro Histórico e Cultural Mackenzie (CHCM), 2014). Exposição Individual “Cores do Vale: Um Brasil grande” no Iate Clube (Rio de Janeiro 2015), Exposição Individual “Cores do Vale: Um Brasil Grande” na Churrascaria Parada Mineira (Almenara/MG. Abril 2016).de 

Marina vinha criando arte em objetos domésticos utilitários como pratos e canecas. 
Conheça mais sobre Marina Jardim, nos três videos, abaixo:
O Tom da Palavra - 63. Paulinho Pedra Azul entrevista Marina Jardim, em 2013.
https://www.youtube.com/watch?v=vS-O6zA3wak&t=207s

UM JARDIM NOS OLHOS DE MARINA - YouTube
https://www.youtube.com/watch?v=jXRqDDgAtug
13 de fev de 2013 - Vídeo enviado por ESTÚDIO DOZE
VOZ: JOACI ORNELAS MARINA JARDIM: ARTISTA PLÁSTICA NATURAL DE RUBIM-MG - VALE DO ...


Vídeos







Frei Gilvander Luta pela...
YouTube - 3 de jun de 2013




Cata-vento
As Aventuras Musicais de Marina Jardim
Por *Magno Fernandes Reis
A obra artística de Marina Jardim responde de modo simbólico a forma desta jovem pintora interpretar a realidade. As obras recentes são registros de brinquedos populares e poéticos, com uma renovada visão de piões, pipas e canções de roda. Com pinceladas circulares, Marina resgata a essência dos enigmas existentes no Vale do Jequitinhonha. As pinturas são fragmentos do tempo e do espaço e complementos de notas musicais.
Entramos num ambiente cada vez mais impreciso onde as referências ao mundo real se diluem criando uma realidade autônoma com um valor interior. Volta-se a atenção em direção à infância num claro processo de desmaterialização.
Bumba-meu-boi
Com um primoroso traço, as linhas adquirem a presença de códigos com misteriosas leituras ancestrais. O agrupamento de linhas reveste as obras de uma tensão vital de energias  que cria um ritmo que nos sugerem a fascinação de um conjunto mágico do universo da criança.
A repetição de temas com sutis variantes, concedem um caráter musical a pintura. São sílabas cromáticas que emitem sons. A cor é uma evocação, despregando tons vermelhos, azuis e violetas. As tonalidades são harmoniosas de uma escala cromática tênue e fina, revitalizada com precisos toques da artista. As tonalidades propõem texturas virtuais que outorgam sensualidade a expressão artística.
A obra de Marina Jardim acrescenta novas qualidades a linguagem plástica. É uma artista que atreve, que inova, que não interrompe a pesquisa diante suas conquistas. É uma pintora de extrema intuição, que já conquistou espaço no panorama das artes plásticas de Minas Gerais. Acredito que estamos diante de uma artista de uma sensibilidade musical.
Belo Horizonte, março de 2004.
Magno Fernandes dos Reis - Jornalista, pós-graduado em jornalismo pela FAFI-BH, mestrado em História da Arte pela Universidade Nacional Autônoma do México–UMA. Membro  da Associação Brasileira de Críticos de Arte– AICA seção Brasil.
AS MÚLTIPLAS FACETAS DA OBRA DE MARINA JARDIM: SINGULAR E PLURAL
Tião Rocha*

A capacidade de criar e de expressar do ser humano confirma-se, cada vez mais, como infinita. Os limites do homem são os limites de sua própria humanidade.
As artes nos mostram como podemos estender, mais e mais, intensamente, os limites do possível. Ir ao encontro da Utopia, do não-feito ainda!
Se estas afirmações se aplicam para todos os campos das artes, o que se destaca como marca individual neste universo de possibilidades de criação, de leituras e re-leituras da vida, de interpretações e de expressões de nossos sonhos, crenças, valores, e devaneios?
- A individualidade da criação e a singularidade da obra de arte!, é a resposta.
Somente aprendendo e apreciando o singular de uma obra de arte, poderemos entender a pluralidade de nossa cultura, a diversidade de nossa gente e a infindável riqueza de recursos de nossa humanidade.
Marina Jardim é um exemplo de artista singular e plural.
Singular na forma e na técnica – arrojadas – de lançar cores fortes e muito ritmo em suas telas. Seus quadros tem a sua marca e sua identidade. Se reconhece de longe um Marina Jardim.
Plural porque expõe todas suas lembranças e experiências, vistas, vividas, aprendidas e armazenadas em nosso inconsciente coletivo, gerador de nossa mineirice e brasilidade.


As belas cores da cultura popular

FORMA E CONTEÚDO
Se olharmos com cuidado as cores fortes e misturadas, os traços firmes e a técnica apurada nas telas de Marina Jardim, podemos apreender a riqueza e a beleza de seu trabalho.
Se olharmos as mesmas telas por seus conteúdos marcados por histórias e imagens de infância, rítmos e danças populares, podemos aprender muito do dia-a-dia das pessoas que vivem no interior da cultura brasileira, percorrer pelas telas a vida presente no sertão das gerais. As marcas em Marina vieram de sua meninice lá prás bandas de Rubim, no Vale do Jequitinhonha.
Se nos deixarmos levar pelas pinturas e telas de Marina, se nos misturarmos às suas cores e rítmos, com certeza vamos nos sentir parte da festa do Rosário, cair nos batuques, rir dos palhaços nos circos, correr atrás dos bois Janeiro e cantar com as folias de reis.
Nela, arte e vida se retratam, se permitem, se possibilitam! E quando se fundem numa tela, nos tornam cúmplices e herdeiros.
Só os artistas conhecem o ponto do doce deste encontro do homem com sua humanidade. Marina cada dia mais se aprimora nessa arte de nos fazer singular e plural, forma e conteúdo, cor e rítmo, herdeiros e produtores de humanidade.

Tião Rocha - Antropólogo, Educador Popular e Folclorista - Presidente do CPCD- Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento.

Elomar Figueira de Mello diz que Marina nasceu pronta

Elomar Figueira de Melo, cantor e compositor da caatinga baiana, diz que Marina cursou Belas Artes ou não, "vez que uns já nascem prontos".
O Bode Velho escreveu: 




Festejos e Cultura Popular
 


Pescando sonhos


Bambolê

A menina e o ioiô

Chegança

Aviãozinho de papel



As cores em movimento


A vida em movimento




Reisado






Fontes: Fotos do facebook e página marinajardim.com.br. Textos de divulgação de Exposições, publicações da mídia e do Blog do Banu.

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