500 mil mortes "não vai passar"! Todos somos Chico Buarque!

500 mil mortes!

Não “vai passar”!!!

Kakai"

O Chico não merecia isso no dia do seu aniversário.

Todos os da minha geração, todos não, os nossos, sabem o que é o Chico nas nossas vidas. São vários “Chicos”. Ouso dizer que há algo de Fernando Pessoa naquela indefinição, ou será definição, dessa personalidade apaixonadamente complexa e simples. Um Fernando Pessoa que canta, em nosso português, os nossos amores, os nossos sonhos, as nossas dores, as nossas angústias e as nossas indignações. Que nos define. E nos torna ardentemente vivos. Eu já fui o Chico em diversos heterônimos. E sempre foi um charme ser o Chico. Por timidez, sim o Chico é tímido como eu, não devo contar as histórias. Até porque ele nem sequer as conhece e a frustração seria o derrame de um copo até então sem mágoas.

Ao ver o Chico hoje na manifestação contra o fascismo, eu tento o quase impossível: aumentar minha admiração de fã que tenta ter lucidez. Fã não tem que ter lucidez. Contudo, é muito instigante ver esse traço corajoso de quem está sempre se posicionando. Andando nas ruas. O seu andar hoje nas ruas, quando o Brasil chega a 500 mil mortos, é letra e música. Fala por si só. É, de novo, o Chico falando por nós. Outra vez. Sempre.

O seu ir às ruas é um grito desumano, uma maneira de ser escutado. E, nós sabemos, amanhã há de ser outro dia. E temos certeza de que eles não terão a fineza de desinventar a tristeza, mas nós iremos cobrar com juros toda a lágrima rolada. E voltaremos a perguntar o que que a vida vai fazer da gente. Na certeza de que para sempre é sempre por um triz, eu reafirmo que é inútil dormir que a dor não passa. E vamos às ruas, porque está provado, quem espera nunca alcança. Mesmo sabendo que não vale a lei que determina que a gente era obrigado a ser feliz. E, carinhosamente, reconhecendo que este já devia ser o tempo da delicadeza, no qual já não se diz nada e nada acontece, mas que se segue, encantado, ao lado dos nossos amores.

Por tudo isso, vamos nos jogar no embate contra o fascismo. Com nossos olhos embotados de cimento e de lágrima, vamos beijar nossas mulheres e nossos filhos como se fossem os últimos e únicos. E vamos, ao contrário da música, afobar-nos, pois é pra já, não é como o amor, que nunca tem pressa, que pode esperar. Nós estamos falando da liberdade, da vida, da nossa dignidade, enfim. Esta é uma hora de ver que tem mais samba no porto que na vela. E que não dá para esperar, como o Pedro pedreiro, o apito do trem, a festa, a sorte, a morte.

Mas é preciso sempre dizer para o Chico que ele é o nosso companheiro de todas as horas da vida. Como Caeiro, no guardador de rebanhos, que dizia que ser poeta sempre foi uma maneira de estar sozinho. Ou, como o Mia Couto, que contava que o tempo do amor era ainda cedo, que este não era o sossego que ele queria, um exílio de tudo, uma solidão de todos. Ou, como o velho Manoel de Barros, que só usava as palavras para compor o silêncio.

kakay_advogado_criminalista

Obrigado, Chico, que optou por não estar sozinho, como Caeiro, que, como Mia Couto, nunca optou pelo sossego, e que rompeu todos os silêncios com as palavras e com a sua presença.

Ainda é hora de resistência. Para nós, parece que o tempo sempre é ainda. Como conta o poeta Leão de Formosa:

“Ainda é o advérbio lindo da esperança, que a palavra trema dentro da frase infinda. Nos lábios da criança o sorriso é ainda. Ainda flor é a rosa. Ainda paz é o poema.”

Por isso, vamos perder a noção da hora, romper com o mundo e queimar os navios. Vamos confundir muito as nossas pernas e deixar o sangue errar de veia, perder-se. Com a certeza de que, mesmo na bagunça dos nossos corações, nós estaremos juntos sempre. Não será preciso nos fazer de tontos e nós teremos a mesma cara ao sair. A cara da liberdade, da igualdade, de um mundo onde o paletó enlaça o vestido ou o vestido veste o paletó, mas seguem juntos com respeito e esperança. Esse é o nosso sonho. Como diz a letra: pela paz derradeira que enfim vai nos redimir: Deus lhe pague, Chico.

*Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay, é advogado criminalista

Fim da vacinação pode chegar a 2.030 no Jequitinhonha, Mucuri e norte de Minas

Municípios estão muito atrasados na vacinação da segunda dose

Governo Federal quer vacinação em massa da 1ª dose para liberar geral, promover aglomeração e espalhar o vírus  

Confira o Vacinômetro em municípios dos Vales do Jequitinhonha, Mucuri e norte de Minas

O sociólogo Rudá Ricci publicou um texto no Twitter, neste domingo, 13.06.21, sobre o atraso providencial do Governo Bolsonaro na imunização da segunda dose. Ele quer focar na massificação da primeira dose para promover uma abertura geral do comércio e outras atividades econômicas.

Confira:  

Necessidade de estarmos atentos ao % de brasileiros vacinados com a segunda dose

Por Rudá Ricci – sociólogo, diretor do Instituto Cultiva, em BH.

Via Twitter 

Um breve fio sobre a necessidade de estarmos atentos ao % de brasileiros vacinados com a segunda dose (contra Covid), não com os vacinados apenas com a primeira dose. O governo está procurando nos confundir. Lá vai.

1) Vejam o slide que estou postando como ilustração desta nota que fiz para apresentar na minha análise de conjuntura de amanhã às 8h. Percebam como vínhamos tendo a 1a e 2a doses com ligeira diferença em abril.

2) Contudo, a partir de maio, o número de pessoas que tomou a 2a dose despencou, aumentando muito o número dos que tomaram a 1a dose.

3) Essa situação pode indicar que o governo quer chegar rápido aos 60% que tomaram a vacina (somente a 1a dose, mas ele não dirá). Possivelmente para estimular o reaquecimento da economia.

4) A experiência de Serrana (SP) indicou que somente com 75% da população vacinada o índice de contaminação despenca. A percepção de vários senadores que compõem a CPI da Pandemia é de que o governo jogará com essa desinformação.

5) Só com 2/3 ou mais da população inteiramente vacinada se consegue ter um ganho com a campanha de imunização, quando a circulação do vírus se reduz a ponto de evitar também o contágio de quem ainda não foi vacinado. E as pessoas só ficam protegidas com duas doses.

6) Vejam o caso do Uruguai. A maior parte da população não foi totalmente imunizada: as duas doses foram dadas até agora em 33% dos cidadãos. Acontece que divulgaram ao mundo o percentual de vacinados com a 1a dose. Conclusão: ninguém está entendendo a explosão de infectados.

7) A população do Uruguai relaxou com o dado dos vacinados somente com a 1a dose e degringolou tudo por lá. 58% dos uruguaios tomaram apenas uma dose, mas somente 33% tomaram as duas doses. Essa desinformação pode estar sendo perseguida pelo governo federal.

8) Em suma: o governo aumenta o espaço entre a primeira e segunda doses, objetiva aumentar o % de vacinados com apenas uma dose e gera um clima de retomada da "normalidade". Se isso ocorrer, poderemos viver a tragédia que se abateu sobre o Uruguai.

https://twitter.com/rudaricci/status/1404194400436113415

VACINÔMETRO EM ALGUNS MUNICÍPIOS DO VALE DO JEQUITINHONHA E DO VALE DO MUCURI – 15.06.21

MUNICÍPIO	Vacinas Recebidas	Vacinas Aplicadas	1ª dose	2ª dose	Ritmo de Vacinação 1ª dose	Ritmo de vacinação 2ª dose	Fim da Vacinação
Águas Formosas	8.770	6.462	4.313	2.149	19 doses/dia	07 doses/dia	25.02.25
Almenara	17.110	13.861	9.191	4.670	66 doses/dia	18 doses/dia	17.08.24
Araçuaí	17.227	13.479	9.388	4.091	67 doses/dia	14 doses/dia	08.01.25
Berilo	10.766	6.166	5.048	1.118	21 doses/dia	06 doses/dia	03.06.24
Capelinha	14.260	11.509	8.255	3.254	79 doses/dia	14 doses/dia	02.01.25
Carlos Chagas	9.972	7.306	4.911	2.395	19 doses/dia	07 doses/dia	25.02.25
Coronel Murta	4.206	3.271	2.168	1.103	16 doses/dia	8 doses/dia	15.03.23
Diamantina	23.888	18.408	12.397	6.011	44 doses/dia	7 doses/dia	19.03.31
Itaobim	10.255	7.675	5.020	2.655	36 doses/dia	06 doses/dia	19.01.26
Itinga	6.298	4.294	2.830	1.464	15 doses/dia	05 doses/dia	09.10.25
Itamarandiba	14.149	10.312	7.637	2.675	68 doses/dia	26 doses/dia	07.04.23
Minas Novas	13.821	8.912	6.568	2.344	56 doses/dia	07 doses/dia	15/06/27
Medina	9.562	8.221	5.314	2.907	35 doses/dia	15 doses/dia	14.03.23
Nanuque	18.579	14.558	9.559	4.999	60 doses/dia	36 doses/dia	30.12.22
Padre Paraíso	8.505	6.163	3.702	2.461	13 doses/dia	08 doses/dia	21.09.24
Pavão	4.185	2.606	1.605	1.001	06 doses/dia	04 doses/dia	03.04.25
Pedra Azul	11.707	8.632	5.431	3.201	39 doses/dia	22 doses/dia	25.10.22
Santo Antônio do Jacinto	6.118	8.398	5.440	2.958	25 doses/dia	12 doses/dia	18.09.24
Teófilo Otoni	76.445	56.533	36.092	20.441	95 doses/dia	129 doses/dia	14.12.22
Turmalina	8.828	7.775	5.822	1.953	64 doses/dia	06 doses/dia	30.12.25
Virgem da Lapa	9.573	5.855	4.575	1.280	15 doses/dia	04 doses/dia	22.08.27

Elaborado por Álbano Silveira Machado, em 15.06.21

Fontes: Vacinômetro http://vacinometro.icmc.usp.br/painel/ , dados de 12.06.21 e Vacinômetro https://coronavirus.saude.mg.gov.br/vacinometro , dados de 14.06.21.

  VACINÔMETRO EM ALGUNS MUNICÍPIOS DO NORTE DE MINAS - 15.06.21

MUNICÍPIO	Vacinas Recebidas	Doses por Habit	Vacinas Aplicadas	1ª dose	2ª dose	Ritmo de Vacinação 1ª dose	Ritmo de vacinação 2ª dose	Fim da Vacinação
Buritizeiros	10.876	0,39	8.657	6.294	2.363	34 doses/dia	8 doses/dia	17.08.26
Capitão Enéas	5.065	0,33	3.354	2.262	1.092	16 doses/dia	16 doses/dia	06.10.22
Coração de Jesus	12.248	0,46	8.120	5.480	2.640	30 doses/dia	06 doses/dia	10.11.27
Francisco Sá	11.378	0,43	7.749	5.362	2.387	59 doses/dia	08 doses/dia	02.01.26
Grão Mogol	6.198	0,39	4.851	3.110	1.741	21 doses/dia	06 doses/dia	18.06.25
Ibiracatu	2.573	0,47	2.152	1.441	711	11 doses/dia	05 doses/dia	03.11.22
Itacarambi	7.743	0,42	5.047	3.250	1.797	22 doses/dia	13 doses/dia	27.03.23
Janaúba	39.195	0,54	28.676	19.558	9.118	95 doses/dia	49 doses/dia	28.07.23
*Januária	38.626	0,57	23.434	17.786	5.648	---	---	---
Manga	12.252	0,67	8.813	5.621	3.192	32 doses/dia	29 doses/dia	31.03.22
Montes Claros	169.693	0,41	142.394	96.542	45.852	372 doses/dia	105 doses/dia	08.09.26
Olhos D’Água	2.245	0,36	1.561	1.121	440	17 doses/dia	03 doses/dia	08.04.24
Pirapora	24.917	0,44	20.504	14.240	6.264	153 doses/dia	55 doses/dia	18.10.22
Porteirinha	18.014	0,48	14.859	10.154	4.705	114 doses/dia	53 doses/dia	31.05.22
Taiobeiras	14.638	0,43	11.057	7.567	3.490	47 doses/dia	04 doses/dia	29.12.37
Rio Pardo de Minas	12.400	0,40	9.707	6.851	2.856	84 doses/dia	49 doses/dia	12.04.22
Salinas	25.525	0,61	18.339	12.829	5.510	23 doses/dia	18 doses/dia	02.02.25
São Francisco	29.257	0,52	18.416	13.246	5.170	22 doses/dia	04 doses/dia	06.09.23
Varzelândia	9.385	0,49	8.292	5.595	2.697	23 doses/dia	09 doses/dia	24.06.24;

Elaborado por Álbano Silveira Machado, em 15.06.21

Fontes: Vacinômetro http://vacinometro.icmc.usp.br/painel/ , dados de 12.06.21 e Vacinômetro https://coronavirus.saude.mg.gov.br/vacinometro , dados de 14.06.21.

Observações:       *Dados imprecisos no Ritmo de Vacinação

1 - Há algumas contradições nos dados do Vacinômetro da USP e da Secretaria de Saúde de Minas, talvez devido às datas de coleta dos dados. Privilegiou-se os dados mais atualizados, portanto com índice de vacinação maior.

2 – Foi utilizado 80% das pessoas com mais de 20 anos de acordo com estimativa de 2020 do DataSUS para cálculo do Fim da Vacinação (Vacinômetro USP).

3 – Teófilo Otoni é o único município que mais imunizou,  aplicando mais doses/dia  na segunda etapa da vacinação.

3 – Os dados acima são preocupantes. Apenas os municípios de Manga, Porteirinha e Rio Pardo de Minas terminariam a vacinação no primeiro semestre de 2022;

4 – Apenas os municípios de Capitão Enéas, Ibiracatu, Nanuque, Pedra Azul e Teófilo Otoni finalizariam a vacinação no segundo semestre de 2022;

5 -  No ritmo de vacinação atual, terminariam a vacinação em 2023 – Coronel Murta, Itacarambi, Itamarandiba, Janaúba, Medina e São Francisco.

6 – Se não melhorar o ritmo de vacinação a situação  mais precária para finalizar a imunização continua sendo a de Taiobeiras(2.037); Diamantina (2.031); Coração de Jesus, Minas Novas e Virgem da Lapa (2027); Buritizeiros, Itaobim, Francisco Sá e Montes Claros (2.026); Águas Formosas, Araçuaí, Capelinha, Carlos Chagas, Grão Mogol, Itinga, Pavão, Salinas e Turmalina. O pelotão de 2024 é formado por Almenara, Berilo, Olhos D’Água, Padre Paraíso, Santo Antônio do Jacinto e Varzelândia.

 7 – Diamantina que é sede da Regional de Saúde do Jequitinhonha terminaria a vacinação apenas em 2031.

8 – Os dados da quantidade de doses de vacina por município são discrepantes. Exemplo: enquanto Berilo, com  11.872  habitantes, recebeu 10.766 doses de vacina, ou 0,91doses/hab,  Capitão Enéas recebeu 5.065 doses com uma população de 15.303 habitantes , ou  0,33 doses /hab, três vezes menos.

9 – O cálculo de doses por habitantes considerou a população estimada pelo IBGE, para 2020, e quantidade de vacinas recebidas.