Em agosto de 2000, o jornal Gazeta de Araçuaí trazia a
seguinte manchete: Italianos são suspeitos de usar fazenda em Minas Novas para
lavar dinheiro da máfia”. A Rede Record refaz o caminho da reportagem 12 anos
depois.
Mansão da fazenda Alagadiço pode ter sido usada pelo mafioso italiano Tommaso Buscetta
O jornal da Record em sua edição nacional de sexta-feira
(29) veiculou matéria sobre a fazenda Alagadiço, em Minas Novas, no Vale do
Jequitinhonha, que supostamente foi usada pela máfia italiana para esconder no
final da década de 70, o mafioso Tommaso Buscetta, o “ Poderoso Chefão”.
Em agosto de
2000, o jornal Gazeta de Araçuaí trazia a seguinte manchete: Italianos são
suspeitos de usar fazenda em Minas Novas para lavar dinheiro da máfia”.
“ A
matéria do Gazeta foi o gancho para nossa reportagem”, reconhece o jornalista
Aguiar Júnior, editor do MG Record. “ Várias emissoras de TV e jornais ligaram
para se informar sobre a notícia após a sua veiculação pela Record”, disse
Aguiar.
Mistério
A fazenda Alagadiço
ainda hoje é um enigma . Localizada entre os municípios de Minas Novas e
Capelinha, foi adquirida na década de 70 pelo italiano Sampietro Salini,
criador da Fundação Pietro Salini. Após a morte de Thommaso Buscetta , em abril
de 2000 em Nova York, tudo foi abandonado.
Em Minas Novas, corre
à boca pequena que a fazenda pode ter sido usada pela máfia Siciliana por mais
de 20 anos e que serviu de esconderijo para Buscetta , o maior mafioso da
história da máfia .
Preso no
Brasil em 1972 e condenado a 14 anos de prisão, Buscetta é extraditado
para os Estados Unidos e recebe do governo uma nova identidade e a
liberdade vigiada em troca de novas revelações contra os planos da
máfia norte-americana e italiana, ligada ao tráfico de entorpecentes.
Nos EUA sofre
cirurgias plásticas para depistar os numerosos "assassinos sob
encomenda" que tem ao seu encalço, visto que colaborar com a justiça é, no
meio mafioso, a mais grave das traições. É libertado em fevereiro de 1980.
“É provável que
neste período tenha feito várias visitas à fazenda Alagadiço”, diz um
historiador de Minas Novas.
A fazenda possui
aeroporto, que agora virou área de plantio de eucalipto, hospital, escola,
supermercado e uma mansão com oito suítes. O hospital está fechado há anos. Ele
possui 20 salas, 25 leitos, berçário, bloco cirúrgico, gabinete dentário,
laboratório para análises clínicas e enfermarias.
Em uma
das salas da administração ainda estão guardadas mais de 8 mil fichas de
pacientes da zona rural que foram atendidos pelos médicos italianos .
. “ Ganhar a
confiança da população era importante para os negócios da máfia e por isso o
hospital”, observa um delegado aposentado.
Atualmente a
mansão construída no meio da mata, está ocupada pelo antigo administrador da
fazenda, João Antonio Alves da Silva, 51 anos.
Ele revela que
carregava as malas de Sanpietro, da pista de pouso para a mansão.
Segundo ele, o
italiano recebia muitos políticos, entre eles, o ex-governador Francelino
Pereira, o então ministro e senador Murilo Badaró, o ex-prefeito de Belo
Horizonte, Mauricio Campos, entre outros.
" Há mais de 10
anos que não vejo mais ninguém ligado à Fundação", diz João Antonio.
Nas proximidades
existem 5 casas que eram utilizadas pelos médicos e enfermeiras da Itália que
viviam no lugar e atendiam a população. Hoje, cinco famílias ocupam os imóveis.
Terra de ninguém
Para que o italiano
Sanpietro Salini, construiu toda aquela estrutura, num local deserto e de
difícil acesso para depois, sem nenhuma explicação abandona-lo?
As respostas vão
desde lavagem de dinheiro da máfia, uso do hospital para refino de drogas ou
ainda , que o italiano ,que faleceu recentemente em Roma, era
simplesmente um filho de milionário que recebeu do pai uma missão para fazer
uma obra social em um pais de terceiro mundo.
Pode ser que a
partir destas reportagens, muitos mistérios possam ser esclarecidos e segredos
revelados.
Sérgio Vasconcelos
Repórter
na Gazeta de Araçuaí